«Temos sentido disponibilidade crescente dos catequistas e professores de EMRC», Rute Agulhas
Grupo Vita apresentou hoje novo relatório de trabalho e três novas brochuras para ajudar à «prevenção dos menores»
O Grupo VITA apresentou hoje o seu terceiro relatório de atividade e destacou a colaboração “do Secretariado Nacional da Educação, da Conferência dos Institutos Religiosos e outras entidades da Igreja” no domínio da “consciencialização dos agentes e da prevenção”.
“Sentimos disponibilidade crescente entre os catequistas, os professores de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) e outras estruturas da igreja, num caminho de confiança que temos vindo a desenvolver ao longo deste ano e meio”, disse a Rute Agulhas, a coordenadora do Grupo VITA.
Na apresentação do terceiro relatório, que trouxe novos dados sobre a realidade dos abusos sexuais no contexto da Igreja, a responsável deu conta de “587 chamadas telefónicas, 322 em 2023 e 265 em 2024”.
“O pico de chamadas telefónicas tem a ver com a mediatização do tema”, concretizou.
Estudos ajudam a concretizar materiais de prevenção e sensibilização
Ao apresentar três estudos académicos, realizados entre religiosos, professores de EMRC e Catequistas, o Grupo Vita realçou “a participação voluntária dos agentes” e a “novidade do realizado”.
“É a primeira vez que estes estudos são realizados em Portugal. Isso transparece na amostra. Estamos a dar passos, e acreditamos que os próximos estudos terão amostras superiores, porque os agentes estão mais conscientes sobre os benefícios que destes estudos podem surtir”.
Os dois estudos, realizados a agentes da educação cristã, mostram “os professores de EMRC muito motivados em abordar o tema e a serem uma espécie de embaixadores para a criação dos novos recursos para aplicação”.
Sobre os catequistas o estudo mostra que “mais de 50% dos catequistas abordam o tema em contexto catequético e veem-se como agentes preventivos cabendo aos pais um trabalho mais aprofundado”.
O estudo mostra que as principais dificuldades dos catequistas se prende com “a pouco tempo de permanência das crianças em contexto de catequese e com os temas propostos para esta realidade”.
“Temos sentido, desde a primeira hora, uma enorme recetividade por parte do SNEC e da APEC sobre esta questão. De tal modo que o SNEC nos apoia hoje na elaboração dos novos recursos para a prevenção”.
Três novas brochuras já disponíveis. «Programa Girassol» e «Jogo interativo» apresentados em maio
“Estes novos recursos vêm ao encontro do manifestado pelas pessoas com quem temos vindo a contactar. Muitas vezes quer-se abordar o tema, mas não se sabe como. Estas brochuras permitem uma primeira abordagem, para que se fique atento, se saiba como agir e reagir sem culpa ou vergonha”.
Lembrando que a literatura nesta área “aponta para a necessidade de trabalhar diretamente com as crianças”, Rute Agulhas afirmou que “todo o trabalho realizado não coloca o ónus nas crianças, mas na necessidade de com elas se abordagem regras de segurança” sobre o tema.
Para maio estão a ser preparados dois novos recursos. O «Programa Girassol», para aplicação com crianças entre os 6 e os 9 anos e um «Jogo Digital» para crianças e adolescentes entre os 10 e os 14 anos.
“Estes novos dois programas em desenvolvimento contam com a colaboração de uma equipa alargada e os embaixadores, professores de EMRC, padres, catequistas que nos dão feedback sobre os materiais. Contamos apresentá-los a 8 de maio”, garantiu.
Para a responsável “a Igreja, enquanto estrutura, tem feito um esforço grande na prevenção e na capacitação dos agentes” e que é preciso replicar a questão na sociedade civil.