Proteção de Menores: Professores de EMRC realizam trabalho «fundamental»
Joana Alexandre apresentou aos responsáveis diocesanos da EMRC estudos que envolveram mais de 800 professores da disciplina
A psicóloga Joana Alexandre, do grupo VITA, considera que o trabalho desenvolvido pelos professores de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) é “fundamental” no que diz respeito à “prevenção e identificação de potenciais abusos”.
“Sabemo-lo bem. Muitas vezes é com o professor ou professora de EMRC que a criança, o adolescente e o jovem se sentem mais à vontade para abordar temas mais pessoais. Isso dá a este grupo disciplinar uma grande responsabilidade”, afirmou no encontro online que manteve com os responsáveis diocesanos da disciplina.
Ao apresentar o resultado de dois inquéritos, realizados junto dos professores de EMRC, e que são parte integrante de um mestrado na área da proteção de menores, a especialista lembrou que os dados mais recentes são alarmantes e que é importante “capacitar as pessoas para estarem atentas e intervirem” nas diferentes situações.
“Sabemos hoje, com os dados da UNICEF e do Conselho Europeu, que 1 em cada 5 meninas e 1 em cada 7 meninos serão vítimas de abuso. Isto é um problema de saúde pública. Quanto mais formarmos as pessoas mais capacitadas estarão para intervir convenientemente”, desejou.
Para Joana Alexandre “a pandemia levou mais crianças e adolescentes às redes sociais, durante mais tempo” o que “se liga hoje a um aumento exponencial dos abusos de menores”.
“Por vezes tendemos a achar que os abusos acontecem só com os outros e ensinamos as crianças a não falar com estranhos. Quando se trata de abusos os dados dizem-nos que 60% destes são perpetrados por conhecidos da criança”.
Professores de EMRC refletem as temáticas da proteção de menores junto dos alunos
Os dois estudos, um realizado para um universo de mais de seis centenas de docentes, e outro para duas centenas de participantes, mostram que o tema é abordado em aula.
“Mais de 76% dos docentes mostra-se confortável em abordar a problemática e fá-lo mesmo de acordo com as várias unidades letivas ao longo dos vários anos de escolaridade”.
«Viver Juntos», «O Amor Humano» ou a «Adolescência e Afetos» são apenas três das Unidades Letivas onde os docentes mais abordam o tema da proteção e do cuidado dos menores na disciplina que está presente no curriculo dos alunos do 1º ao 12º anos.
“É importante formar e perceber se as pessoas estão capacitadas. Sabemos bem que o sentir-se capacitado gera a oportunidade e leva à motivação para intervir caso a circunstância assim o exija”, completou.
Programa Girassol vai chegar aos alunos do 1º Ciclo
Trazer as questões da prevenção e do cuidado dos menores à realidade da escola é o objetivo do «Programa Girassol: Prevenção primária do abuso sexual infantil, no contexto da Igreja Católica em Portugal, para crianças dos 6 aos 9 anos», que juntou o grupo VITA e a Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF), através da EMRC.
“Este programa, a aplicar a partir de setembro no primeiro ciclo, vai permitir trabalhar com os mais novos estas questões num recurso lúdico e didático que é, ao mesmo tempo, um jogo sob a forma de peddy-papper, e permite o aprofundamento dos vários temas ligados ao cuidado e aos abusos, através das várias etapas que os mais novos vão realizando”, desenvolveu Joana Alexandre aos responsáveis diocesanos.
Para D. António Augusto Azevedo, presidente da CEECDF este novo material, que está a ser ultimado, permitirá “uma maior consciencialização dos mais novos e daqueles que os acompanham” para que se defendam “perante situações menos adequadas”.
“Estamos a dar passos muito concretos e seguros. Queremos ser na escola lugar seguro para os mais novos e espaço de diálogo franco e aberto para ajudarmos a formar pessoas felizes, cidadãos capazes de intervir no espaço social e realizados em todas as dimensões”, completou o responsável.