«A escola é melhor com a disciplina de EMRC», diz Antonio Roura

Responsável pela disciplina de religião, a homóloga da Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) em Espanha, defendeu a relevância educativa da disciplina e apelou à sua renovação e valorização no espaço escolar

Antonio Roura, diretor do Secretariado da Comissão Episcopal para a Educação e Cultura da Conferência Episcopal Espanhola, destacou no passado sábado a importância da disciplina de Religião (em Portugal EMRC) como elemento essencial no contexto educativo e no crescimento integral dos alunos.

“A escola é pior sem nós,” afirmou, para defender que a disciplina “traz contributos que nenhuma outra disciplina aporta”, nomeadamente no “despertar” e no “acompanhamento da dimensão espiritual, moral e relacional” dos jovens.

No painel «EMRC em Diálogos Internacionais», que contou com Ernesto Diaco, de Itália e António Cordeiro, de Portugal, o responsável espanhol deu conta de que em espanha “56% dos alunos frequentam a disciplina” e, nas escolas católicas com com contrato de associação, o número sobe para 85%.

“Lamentavelmente, a cada lei, é sempre necessário defender o lugar da disciplina de Religião,” constatou.

Considerando que não se trata apenas de uma “questão jurídica ou de direitos”, o responsável apelou a um trabalho que demonstre, à sociedade, aos pais e aos diferentes atores sociais, que a disciplina “tem valor e é essencial à escola por que traz consigo um conhecimento que mais nenhuma outra comporta”.

“A Religião toca a espiritualidade, a moral, o sentido da vida, o cuidado do outro. Quem acompanha o despertar da dimensão espiritual das pessoas? Todos temos uma dimensão espiritual que é educável. Quem a educa?”, questionou.

Sustentando que é necessário ver nesta disciplina um “espaço de humanização”, o responsável espanhol lembrou que é ali que “os alunos podem refletir sobre questões profundas — o amor, o sofrimento, a justiça, a morte, o perdão — e desenvolver competências morais e relacionais que ajudam na construção da sua identidade pessoal e social”.

Neste sentido apelou a uma renovação do “ensino religioso escolar”.

“Precisamos de iluminar a realidade com a luz da teologia. Um filme, uma ficha, um ‘não sei o quê’... isso não é ensinar Religião”, sustentou.

Numa sociedade em desagregação, e onde se acumulam vários sinais preocupantes António Roura desafiou os presentes a serem “sal, luz e limão”, nas escolas.

“Sal para dar sabor, luz para iluminar e limão para questionar e amargar aquilo que nos querem vender como o novo normal.”

Para o também professor trata-se de ajudar os jovens a “construir sentido e direção para a vida, partindo de uma proposta cristã que coloca a dignidade da pessoa humana no centro de tudo”.

António Roura apelou a um ensino da Religião (EMRC em Portugal) que leve os alunos a “configurar-se samaritanamente”, isto é, a desenvolver sensibilidade ética e capacidade de compaixão.

“O samaritano vê o que outros não veem, move-se por dentro e cria estruturas novas de cuidado,” afirmou.

Aos docentes Antonio Roura convidou a que se entendam como “um acontecimento em si mesmos na relação com o outro” pois “um professor de Religião é, em si mesmo, uma escola dentro da escola”.

Citando oPapa Bento XVI e o Papa Francisco, o responsável lembrou que vivemos um tempo crítico para a educação.

“O Papa Bento XVI falava de emergência educativa; o Papa Francisco já fala de catástrofe educativa.”

No final da sua intervenção destacou alguns dos lugares que importa refletir, discernir e agir com particular atenção na “saúde mental dos jovens, a solidão dos idosos, e outros sinais sociais que exigem da Igreja uma resposta concreta”.

A disciplina de Religião, segundo ele, pode ser um lugar profético e regenerador dentro da escola.

“O futuro não está na inteligência artificial nem no avanço tecnológico. A melhor notícia para o futuro é que houve um carpinteiro judeu que morreu na cruz. Essa história continua viva”, completou.

Educris|04.06.2025



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