Orientação Metodológica

O MÉTODO - 2 MOMENTOS

A metodologia usada na disciplina de EMRC permite a organização de momentos e/ou espaços curriculares centrados no desenvolvimento das diversas competências de vida dos alunos. Por isso, a intervenção deve ir no sentido da construção de situações pedagógicas que constituam por si mesmo "boas" situações para o seu desenvolvimento.

A proposta metodológica da disciplina de EMRC é um modelo pedagógico integrado onde o aluno, considerado na sua situação concreta (no seu quotidiano, no seu desenvolvimento cognitivo, afectivo e moral...), é o centro do acto educativo. A opção metodológica organiza-se em dois momentos: A Experiência Humana e o Sentido da Experiência.

1.º MOMENTO - A Experiência Humana

2.º MOMENTO - O Sentido da Experiência

  • Encontro com um dado da existência do homem. Trata-se de uma situação vivida historicamente pelo homem.
  • Análise dessa realidade e conhecimento de que os acontecimentos e factos surgem dentro da história e têm explicações científicas.
  • Desenvolvimento dos conhecimentos possibilitando um enriquecimento da cultura geral.
  • Abertura dessa abordagem para a possibilidade de elaboração humana de um pensamento religioso sobre as situações da sua existência.
  • Acolhimento da experiência individual e colectiva do aluno em situação.
  • Enquadramento e definição da problemática.
  • Leitura Antropológica. Partir da realidade actual, chaves de leitura (dados antropológicos, filosóficos, sociológicos e outros).
  • Apresentar uma proposta de interpretação subjectiva desse facto ou acontecimento numa referência que ultrapassa a objectividade da análise factual (próprio da estrutura do pensamento religioso) (cf. López, 1989, 51-61). Há uma perspectiva, um sentido transcendente (a intervenção do divino e a sua integração na história humana) que traz (dá) para a história humana um sentido unitário e global.
  • Discernimento crítico. A coordenação entre o universo cultural humano e o universo religioso.
  • Formulação de uma causa global ou sentido último da experiência vivida (grelha de leitura) que seja desafiante e susceptível de trazer para a existência. O Ensino religioso escolar procura fornecer uma "interpretação crente das realidades culturais".
  • Interpretação (crente) que dá (traz) sentido ao facto vivido, que abre horizontes.
  • Interpretação dos textos bíblicos. Articulação do presente com a Tradição Cristã.
  • Análise de textos de outras tradições culturais e religiosas.
  • O específico da Fé Cristã (proposta e sentido cristão da existência).
  • Elaboração ética: Interiorização, compreensão e acção.
  • Generalização e aplicação ao concreto da vida (pedagogia da "leitura-reescrita" dos textos Bíblicos e da Tradição Cristã em confronto com as problemáticas da actualidade).
  • Maturidade Moral (capacidade de integrar na vida, de forma equilibrada, o passado, o presente e o futuro).

Análise da Experiência e tomada de Consciência da Realidade

Dimensão Cristã e Religiosa; Sentido ético-moral e religioso e Abertura de horizontes

       

JUSTIFICAÇÃO DA OPÇÃO METODOLÓGICA

A nível cognitivo, o aluno toma conhecimento e compreende o valor de determinado comportamento e situação. Isso faz-se mediante a análise das motivações, causas, consequências pessoais e colectivas de determinada situação ou comportamento. Pretende-se ajudar o aluno a descobrir com maior profundidade o sentido das realidades que vive. Este processo de descoberta do sentido da vida faz-se mediante uma leitura de significação da existência, ou seja, pela interpretação da existência (o que vive e vê os outros viver), tendo como chave de leitura a proposta cristã, ou seja, a própria Revelação Cristã. As referências de análise (grelhas de leitura) são constituídas pela especificidade da proposta cristã, em confronto com outras tradições culturais e religiosas.

Esta abordagem metodológica assenta numa perspectiva de aprendizagem cognitivo-desenvolvimentista (no sentido de que o desenvolvimento moral resulta da actividade estruturante do sujeito e de que as transformações e construções de cada pessoa acontecem em interacção com os outros e com o meio) num processo crescente de passagem de heteronomia para a autonomia.

As aprendizagens experienciais só serão efectivas se houver um clima de confiança no qual os indivíduos e as suas experiências pessoais possam ser ouvidas e aceites. O professor ajuda os alunos a reflectir sobre elas para que eles tenham consciência do que aconteceu, saibam o que é que aprenderam e tenham algumas ideias acerca de como podem usar o que aprenderam. O professor deve facilitar aos alunos a construção de aprendizagens significativas e funcionais.

Mais importante do que a variedade de estratégias, o que é fundamental é a contínua referência à experiência, ao exercício e à prática. A indicação metodológica está formulada em termos de se poderem promover experiências progressivas e coerentes para os alunos. Cabe, no entanto, a cada professor conceber e organizar situações apropriadas de aprendizagem que vão de encontro às necessidades dos seus alunos. A experiência tem de ser, portanto, continuamente relacionada com a vida da escola e da sala de aula.  Esta tarefa pressupõe sempre, e em primeiro lugar, a confirmação da aquisição das competências pessoais e interpessoais dos alunos e das competências de vida.

A metodologia proposta parece ser claramente a mais adequada para promover o conhecimento e interiorização de valores morais e espirituais, num contexto de desenvolvimento cognitivo e moral; a aquisição de conhecimentos e de competências de vida (relacionadas com as temáticas abordadas) e a concretização destes valores e competências em comportamentos "apropriados" (através do incremento de acções por parte dos alunos) que (de tal modo se tornem conaturais) possam exprimir uma personalidade, um carácter.

Este desenvolvimento metodológico envolve um largo campo de estratégias de ensino. Dentro destas deverá ser dado particular ênfase às aprendizagens activas e experienciais cujas bases podem ser qualquer experiência real dos alunos que possa acontecer em casa, na escola e na comunidade ou experiências criadas pelos professores para uma proposta específica.



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