Jornada EMRC 2025: «O professor de EMRC vive de uma ética do coração», Carlos Costa Gomes
Professor de Bioética agradeceu trabalho dos docentes de EMRC nas escolas e destacou o seu papel na formação moral das novas gerações em sociedades em rápido processo de desagregação
Num tempo marcado pela amoralidade e pela confusão de valores, Carlos Costa Gomes sublinhou, no passado sábado, que a missão do professor de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) é “salvar a vida moral daqueles que a perderam”.
Na sua intervenção, enquadrada na conferência «EMRC: Cuidar a Esperança com profecia», e inserida na Jornada de EMRC 2025, o docente do ensino universitário afirmou que os tempos atuais necessitam de “uma visão personalista da bioética”, o que pressupõe uma educação baseada numa “ética com esperança e com coração”.
Carlos Costa Gomes, especialista em bioética, considerou, por isso, que a dignidade humana deve ser o pilar de qualquer reflexão ética, independentemente das ações ou condições da pessoa.
“Até o maior terrorista tem dignidade”, afirmou, reforçando a ideia de que esta dignidade é inerente ao simples facto de sermos humanos.
Durante uma intervenção sobre a missão do professor de EMRC, o docente universitário recorreu à tradição cristã e ao pensamento filosófico para afirmar que o ser humano ‘é, logo é digno’, ecoando o pensamento de Santo Agostinho. Para ele, “a bioética personalista radica nesta área”, centrada no respeito pela pessoa como ser único, livre e relacional.
A ética, acrescentou, deve estar ligada à escuta da consciência, o “santuário do encontro com Deus”, como refere o documento conciliar Gaudium et Spes. Para o especialista em bioética o papel de um docente passa por ser eco, ressonância de “uma voz profética não nasce em nós, mas vem de fora de nós” e apelou a uma educação que não seja apenas racional, mas feita a partir de um “coração inteligente e não de uma inteligência sem coração”.
Num mundo acelerado, permeado por redes sociais, excesso de estímulos e desinformação, “os jovens de hoje já não são a geração rasca, mas os que estão à rasca”, sublinhou.
Perante esta realidade, defende que a missão do professor de EMRC é urgente e essencial e passa por “salvar a vida moral dos que a perderam”.
Criticando o relativismo moral contemporâneo, lembrou que “quando tudo vale, nada vale”, e alertou para os riscos de uma escola que se proclama neutra, mas que, segundo ele, se torna numa nova moral ideológica.
“A nova crença ideológica apresenta o ser humano descarnado, neutro, sem ser sexuado, reduzindo a pessoa a algo externo”, denunciou.
Para Carlos Costa Gomes, a ética é um caminho exigente mas mais necessário do que nunca
“Temos dentro de nós dois poderes: o bem e o mal. Vencerá aquele que alimentarmos”, concluiu na conferência que compartilhou com o constitucionalista Jorge Bacelar Gouveia.