«Esta iniciativa é um grande sinal de esperança», D. António Augusto Azevedo
Mais de 4 mil alunos marcaram presença no 23º Encontro Nacional da EMRC para alunos do 1º ciclo
O dia começou com muita chuva, em Fátima, mas nem isso demoveu os mais de 4 mil alunos, vindos de 69 agrupamentos de escolas de todo o país, de se fazerem à estrada para aprofundar o tema «Com a EMRC sou semente de Esperança».
À volta do Centro Pastoral Paulo VI milhares de alunos foram fazendo a “festa da EMRC”, com mensagens escritas num “mural da esperança”, música ao vivo e muitos anjos que deram um colorido especial, mesmo com o céu cinzento.
Maria Santos, da Escola Professor Pedro D’Orey da Cunha, na Damaia, já é veterana e explica ao EDUCRIS que esta “é a segunda vez que participo”.
Do alto dos seus 10 anos a menina do 4º ano de escolaridade sabe bem porque está em Fátima e explica a sua opção pela disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC).
“Para mim, ser uma semente de esperança é uma coisa que é pequena, mas que vai se tornar grande. É bom trazermos a esperança desde pequenos, para sermos, na nossa vida, pessoas a amar o próximo, sermos pessoas respeitadoras, sermos pessoas realmente como Jesus foi”, disse.
Um Encontro verdadeiramente Nacional
De entre os milhares de alunos presentes, que aguardam para assistir a uma peça de teatro que reinterpreta o clássico de «Pinóquio», um pequeno grupo de alunos, vindos da Ilha das Flores, parece feliz com a alegria que se vive.
“Quisemos muito vir. Era desejo meu vir há muito tempo e só agora conseguimos. As entidades civis ajudaram, venderam rifas e conseguimos vir com um grupo de oito meninos e meninas”, explica o padre Jorge Sousa, docente de EMRC na Ilha das Flores.
Depois de “atravessarem o atlântico” e de “muita logística”, o sacerdote considera que o Nacional da EMRC está, por fim, “completo”.
“Esta é a edição mais completa (risos). Um encontro nacional só está completo quando as ilhas, Madeira e Açores, estão presentes. Os nossos alunos estão muito felizes e estou certo de que serão eles que passarão esta alegria e estas aprendizagens aos colegas e para o ano seremos ainda mais”, garante.
No grupo de alunos das Flores, “muitos dos alunos, e mesmo professores, nunca tinham vindo a Fátima, e houve até um dos alunos que, emocionado, disse que queria trazer aqui a mãe”, desenvolve.
Num outro ponto, e com muitos alunos ao fundo a cantar ‘esta luz pequenina vou deixá-la brilhar’, António Pereira, do Montijo, explica que o que gosta mais nos encontros de EMRC é “a parte da Basílica onde escutamos Jesus”. No quatro ano de escolaridade o aluno diz-nos que a disciplina o ajuda a ser “mais bondoso”.
“Nas aulas aprendemos a ser melhores pessoas. Ficamos mais simpáticos e bondosos. Ainda agora no apagão eu tive esperança de que não ficássemos em casa e viéssemos aqui a Fátima. A disciplina ajuda-me, ainda, a ser verdadeiro e simpático para os outros”, diz.
Mateus Pinto, é “estreante nos encontros nacionais”, e diz que a disciplina “é fixe”, e que gosta de “fazer trabalhos sobre as várias matérias e temas”. Ao lado, Mariana Tina, de nove anos, gosta de “fazer as atividades no manual”, e sobre o tema do encontro considera “que a esperança se relaciona com o chegar mais longe e mais alto”.
“A disciplina ajuda-nos a ver mais além. A ser uma pessoa melhor”, completa.
Uma iniciativa solidária: Crianças levam esperança a outras crianças
Enquanto uns cantam, outros tiram fotografias com os anjos e os que chegam dirigem-se a um pequeno, mas significativo ponto de recolha de bens alimentares não perecíveis das «Aldeias de Crianças SOS, Portugal», parceria desta iniciativa e que conta com 3 casas de acolhimento de crianças em Portugal.
“As Aldeias SOS acolhem crianças que, por diversos motivos não podem viver com as suas famílias, Todos os dias, em três casas diferentes, procuramos garantir que cada criança cresça respeito, amor e segurança”, explica ao Educris Bruna, técnica desta Instituição de Solidariedade Social.
Visivelmente surpreendida pela “quantidade de donativos recolhidos”, a responsável considera que o resultado recolhido “é muito importantes e faz toda a diferença”.
“Este bens alimentares, recolhidos hoje, vão diretamente para a Guarda. Para nós foi um desafio aceite desde a primeira hora e agradecemos muito o apoio que o SNEC nos dá neste dia”, completa.
Na saída da celebração, que decorreu na Basílica da Santíssima Trindade e foi momento alto do encontro na opinião de vários alunos, D. António Augusto Azevedo considerou a iniciativa “um grande sinal de esperança”, num contexto social, político e económico particular.
“A EMRC está a fazer o trabalho de semear, o espírito do evangelho, a alegria da fé, valores que podem ajudar estas crianças a ser bons cidadãos, pessoas felizes, e já agora com fé”, disse.
Para o presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF), a “iniciativa que é, por si, um grande sinal de esperança”, para o presente.
“Este encontro permite, antes de mais, a tomada de consciência de que, por todo o país, há milhares de crianças que fazem este caminho de encontro. A missão da Igreja também passa por aqui. Acompanhar, fazer crescer esta nova geração para que não se sintam sozinhos e desacompanhados. Queremos contribuir para o projeto educativo seja o mais abrangente e completo possível, para que possam crescer como pessoas de forma integra e integral, numa abertura aos valores. É isto que a EMRC tem para dar”, completa.
Francisco recordado no Encontro Nacional da EMRC como “grande pedagogo”
Ainda antes de uma das três sessões culturais que estiveram disponíveis para os milhares de alunos, os participantes celebraram a vida e o legado do Papa Francisco, que faleceu aos 88 anos, no dia 21 de abril, com um pequeno vídeo que recuperava do passado vários momentos e sinais da relação do Papa argentino com as crianças e com as escolas.
Para D. António Augusto Azevedo, o legado de Francisco, com os seus gestos e aquilo que deixou ao longo de 12 anos de pontificado ficou semeado “em muitos corações e ficou na memória do povo de Deus e da sociedade”.
“Os pastores da Igreja, começando pelo Papa, são sempre pedagogos, são sempre alguém que tem como missão fundamental o anúncio, o testemunho da fé, e julgo que o próximo Papa o fará sempre com esta pluralidade da Igreja. Isto é, sendo cada um diferente, como foram os nossos educadores, catequistas, pastores, como são todos os professores, têm marcas especiais e isso é uma riqueza”, desenvolveu.
O dia terminou com sol e a alegria habitual. Cansados mas felizes os mais novos despediram-se de Fátima, levando consigo a "esperança de voltar" e semeando agora, nas suas escolas, familias, e grupos a esperança para o futuro melhor.
O 23º Encontro Nacional da EMRC para os alunos do 1.º Ciclo foi uma iniciativa do Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC), através do Departamento Nacional da EMRC.