12 anos de Francisco: «Obrigado Papa Francisco», António Rodrigues
Foram 12 anos de Pontificado que deixam marcas visíveis para a catequese da Igreja. António Rodrigues, diretor do Departamento da Educação Moral e Religiosa Católica da Diocese de Lamego, partilha com os leitores da Educação Cristã (EDUCRIS), o legado e os desafios que Francisco deixa educação em Portugal
Obrigado, Papa Francisco!
1- Este é o tempo de gratidão, de recolhimento e de oração.
Tu partiste para junto do Pai! Ainda te vejo subir a Praça de São Pedro. Sozinho! Carregando a fragilidade e a dor da humanidade para, inundado de esperança, a confiares a Deus - porto seguro para a nossa barca! Mas hoje… hoje é dia de fazer a tua subida para o Pai, carregado em ombros, mas novamente, a encomendar todos ao Pai. Vai para a Paz! Vive na Esperança!
2- Deixas-nos um legado! Que cada um de nós tenha ouvidos para o escutar e coração para o acolher. Que se abram as portas da Igreja para que Deus possa sair e para ser levado às periferias, ao lugar onde se encontram os homens inquietos, desesperados, desprezados, incompreendidos, moribundos e abandonados. É aí que se encontra a missão da Igreja! É aí onde nos impregnamos do cheiro de ovelha! É aí onde nós devemos servir e mostrar a beleza do Deus que acolhe, conforta, transforma e alegra. Deus estará sempre presente nas horas difíceis… Confia!
3- Esta casa comum. Esta que é a casa que expressa a gratuidade e generosidade da vontade criadora de Deus. Esta que é a obra bondosamente ofertada a todo o ser humano. Por conseguinte, ela constitui uma responsabilidade para todos.Estamos obrigados a «cuidar» deste bem, belo, precioso mas esgotável lugar: o nosso Planeta. Espaço que reclama a excelência do cuidado pelo que é de frágil, na assunção de uma ecologia integral. Neste momento, há uma revolta desta nossa casa traduzida nas alterações climáticas que alavancam as assimetrias económicas. Propuseste-nos uma «conversão ecológica» que promova uma relação sã com a criação e a resposta por parte de todos, mas sobretudo dos países ricos. Respostas efetivas aos riscos climáticos e com vista à preparação das pessoas para a sua adaptação aos cada vez mais diferentes climas. Trata-se,enfim, de os países mais favorecidos (também os maiores poluidores) promoverem, com urgência, políticas de energia limpa, sustentável e de equidade distributiva, o que implica uma consciência amorosa com as outras criaturas, a promoção da comunhão universal. Não será esse mundo que queremos deixar às gerações vindouras? Não é essa a resposta ao mandato de Deus no livro dos Génesis?
4- E este mundo fraterno que apresentaste como desejável e que provaste ser possível, salientando esta pertença comum como irmãos. Acolhe o outro que é teu irmão. Um irmão frágil que reclama a tua presença e que necessita da tua ajuda, apoio e conforto. A vida de cada um faz sentido quando os outros são felizes por nossa causa. E no nosso coração cabem Todos! Somos uma Família! Somos uma família que brota do amor de Deus, e caminha para se unir novamente a Deus! Uma Família que tem a obrigação de cuidar de todos, vivenciando a riqueza da fraternidade.
5- E a tua preocupação com a educação. Nestes tempo marcados, como disseste, pela «catástrofe educativa». A fome e a guerra, que destroem e que impõem movimentos migratórios, têm obstaculizado, a milhões de crianças e jovens, a possibilidade de irem à escola. A educação é um ato de esperança. A educação é o motor que promove transformação e mudança. É a forma de transmitir às novas gerações o seu património cultural e os seus valores e desta forma humanizar a sua identidade histórica. Neste processo devem estar envolvidas as famílias e as comunidades para promoverem projetos
educacionais adequados, integrais e inclusivos. O agente educativo, a quem deve ser proporcionado patamares de formação de excelência, deve fazer brotar em todos o conhecimento necessário que lhe proporcione a própria autonomia. O professor tem desta forma de aceitar e acolher a diferença e os ritmos específicos. Cada aluno que nos é confiado transporta consigo um mundo de oportunidades e de enriquecimento. Cabe-nos escutar as suas inquietações e as suas interpelações com muita atenção para propor a sua abertura a novos horizontes. Que todos se sintam escutados, inseridos e sejam respondidos.
6- Este teu humor sincero e espontâneo. Em cada sorriso, lembravas que vale mais a pena valorizar o bom das situações que dar expressão aos momentos maus. Deus deve rir-se à gargalhada com os episódios das nossas vidas. O humor cativa e aproxima, acolhe e transforma, contagia e renova. O Bem é a melhor forma de contágio. O humor, é certamente, sua expressão!
7- Ouvimos o som do chamamento do yobel, o chifre do carneiro. Tornamo-nos Peregrinos! Deixas-nos fisicamente neste caminho de conversão. Onde nos encontramos como a Igreja em caminho… uma Igreja para «todos! todos! todos!». Uma Igreja em oração que nos convida a fazer este trilho de conversão, onde cada Homem na sua humanidade se deve sentir ancorado na Esperança… na Esperança que não engana… na Esperança que é Jesus Ressuscitado. Que se abra a Porta. As portas do Senhor! Nela desejamos entrar como «Peregrinos da Esperança»!
8- Agora descansa em Paz! Que Deus te acolha na eternidade do Amor e da Esperança. Fica-nos a saudade do teu sorriso, do teu aceno, da tua palavra amiga, da tua simplicidade! O nosso coração permanecerá cheio de Ti.