XII ENES: «Encontro é oportunidade de busca de sentidos com sentido», afirma Sérgio Martins

Bragança acolhe, no próximo dia 12 e 13 de abril, a décima segunda edição do Encontro Nacional de EMRC do Ensino Secundário (ENES). Iniciativa aprofunda os «sentidos» com alunos vindos de todo o país

São mais de 3 mil os alunos que vão “fazer a festa” da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), em Bragança.

“Queremos, com esta iniciativa proporcionar uma aula ao ar livre, permitir aos alunos e professores verdadeiras experiências e oportunidades educativas”, explicou o professor Sérgio Martins, da equipa nacional da EMRC, em entrevista, esta tarde, ao jornalista Henrique Matos, no programa ECCLESIA, da RTP2.

Num momento em que se ultimam os preparativos para “o grande encontro”, o docente deu conta de que o objetivo da iniciativa passa “pela realização de dois percursos” onde os alunos vão “apurar e aprofundar os sentidos” em vários ateliers que estão distribuídos pela cidade de Bragança.

“Queremos que os alunos que participam façam esta viagem pelos sentidos com sentido para que isso faça eco nos seus corações e o levem aos outros, às suas famílias e comunidades educativas, desenvolveu.

Também o professor Jorge Novo, da equipa nacional da EMRC, esteve em “ligação direta” com o programa para dar conta “da mobilização que já é visível na cidade” e alegrar-se pelo modo como “todos se envolveram e contribuíram para esta iniciativa”.

“Não vai haver festa na sexta e sábado. Bragança já está em festa. A EMRC já está a fazer o caminho junto de instituições e escolas da cidade. Todos se congregaram para este grande acontecimento”, informou.

Para o docente a disciplina tem clara preocupação com “o saber e o saber fazer”, mas também com o “fazer juntos”.

“A disciplina desafia a olhar a vida de modo diferente. Valorizando o que é essencial ao ser humano e ao apresentarmos a essência da disciplina aos diferentes agentes da cidade todos se congregaram para ajudar e mostrar o melhor deste nordeste transmontano”, garantiu.

Os alunos chegam à cidade durante o dia de sexta-feira e vão ter oportunidade de “estabelecer laços uns com os outros, mas também com as gentes locais, para as escolas e comunidade educativa de Bragança”.

“Esta é uma proposta educativa que procura dar a conhecer o património local, as tradições locais e o modo de vida dos Bragantinos”, desenvolveu o docente.

Jorge Novo, um dos responsáveis pelo ENES deste ano mostrou-se “alegre” pelo modo como “as instituições e pessoas” aderiram à iniciativa.

“É impressionante ver a vontade de participar de todos. Desde a Câmara, passando pelos bombeiros, as confrarias, as escolas da região, a comunidade intermunicipal. Todos se envolveram nesta grande iniciativa”.

O responsável espera que em “alunos e professores” fique “a ideia voltar” a uma região que “tem muito para oferecer não apenas pelas suas tradições, mas pelo modo como as suas gentes sabem acolher. Queremos que os alunos levem daqui ecos fortes no seu coração: Partilha, convívio, natureza, a segunda língua que é o mirandês, a música, o ser e o sentir brigantino”, completou.

Presentes no programa os alunos Maria Pilar Costa e João Caldeira, do Colégio Pedro Arrupe, em Lisboa, partilharam a experiência de ter participado na décima primeira edição, que se realizou no ano passado em Coimbra.

“Foi um encontro muito bom que superou qualquer expetativa. Acabou por ser uma experiência que valorizámos muito. Como o professor disse permitiu quebrar o espaço de sala de aula e manter a experiência educativa”, explicou Maria Pilar Costa.

João Caldeira afirmou “não estar à espera” de tanta gente pois “muita gente associa o ser católico ao ser ‘certinho’, sem festa” e a iniciativa mostrou-lhe “um espaço de grande alegria e comunhão”.

“Percebemos que a EMRC é uma grande família. Pensámos que era uma atividade com pouca adesão e não. Era um mar de gente”, completou.

EMRC: Uma disciplina que dá ferramentas para a vida

Ambos no 11º ano os alunos concordaram que a EMRC vai deixar “marca” no modo como olham a vida e se fazem cidadãos ativos na comunidade.

“Acho que a disciplina procura não só que como alunos compreendamos a Igreja Católica, mas o porquê de se como é. A aprendizagem dos valores é importante, mas o pensar criticamente sobre as coisas, ouvir e partilhar diversas perspetiva ajuda a formar a nossa opinião. É uma mais-valia que me deu muitas ferramentas para a vida”.

Uma iniciativa sem plástico e com preocupações ecológicas

Já não é a “primeira vez”, mas os ENES tem trilhado caminho na área da Ecologia Integral, seguindo o pensamento social da Igreja Católica.

“Quisemos responder a um desafio o Papa e trazemos esta temática da ecologia para o ENES. Não apenas voltada para as coisas, mas parte de cada um de nós, como educadores, alunos e cidadão. Saindo do coração e voltando ao coração torna-se especial. É algo que temos vindo a ter em atenção nos últimos encontros e não usamos hoje qualquer plástico”.

Para os dois dias, sob o tema «Ecos do Coração», a organização quer gerar a oportunidade, “em alunos e professores”, de explorar Bragança e um ou mais sentidos em cada oportunidade de aprendizagem”.

“Queremos que cada um ponha as mãos na massa e isso também aplicado aos professores. Que todos possam sentir e experimentar. Que nada fique de fora neste encontro. Com toda a riqueza que conseguirmos apresentar aos alunos e professores”, completa.

Educris|08.04.2024