«Um olhar atento» para deixar «o futuro entrar no presente», é desafio para a EMRC

Especialista desafiou responsáveis pela disciplina a “diagnóstico profundo” sobre a ação pedagógica, e a estratégia “para colocar a EMRC a dialogar na fronteira da cultura”

O padre Eduardo Duque, sociólogo da Universidade Católica Portuguesa, desafiou os responsáveis da EMRC a “um diagnóstico profundo” acerca da situação atual da educação, e a serem “audazes”, numa “atitude de diálogo que permita uma mudança de paradigma”.

Na conferência «Sociedade do conhecimento e os novos desafios educativos», que abriu os trabalhos, neste sábado, dos responsáveis diocesanos pela EMRC, o especialista apresentou o “caminho histórico da formação ao longo dos tempos”, e situou os desafios para o hoje educativo.

“No ideal grego a formação das novas gerações tinha como foco a perfeição. No renascimento buscávamos a harmonia. No século passado apresentámos, como desiderato formativo, o pensamento crítico. Hoje estamos na era do ‘ser criativo’”, disse.

Para o sociólogo os “desafios educativos” atuais passam pelo assumir da “ignorância”, e pela capacidade de “gerir o não saber”.

“Cada época tem a sua história e cada história é marcada por um ideal de formação. ‘Ser criativo’ é viver na época do conhecimento. Esta é débil e gere o desconhecido, que gera a ignorância, a incerteza. Na sociedade do conhecimento não importa o que se sabe. A sabedoria está em procurar saber o que se desconhece. Tem de se gerir a ignorância”, desenvolveu.

Numa altura de profundas “mutações sociais, económicas, politicas e até religiosas”, Eduardo Duque desafiou a um “olhar atento” que permita “a antecipação do futuro”.

“Temos de dar maior peso ao futuro. Quantos alunos é que vou ter para o ano na minha escola? Temos de nos fazer esta pergunta, pois ela obriga-nos a arrepiar caminho. A sociedade do conhecimento leva-nos não a viver a miopia do momento, mas a estarmos com uma perna à frente e o olhar afinado”, garantiu.

Um novo futuro, hoje

Com o surgimento da era da Inteligência Artificial e do Metaverso, o olhar do educador deve basear-se “numa atitude de humildade, de reconhecimento da nossa própria ignorância, e do trabalho em rede”.

“Se tiver um olhar atento estou a deixar que o futuro entre no presente. À medida em que abro o futuro ao presente ganho consciência do meu presente. Isto traz a humildade e a necessidade de olhar para o lado e pedir ajuda”, sustentou.

No final da sua intervenção o padre Eduardo Duque olhou para o momento atual da disciplina de EMRC e convidou os docentes a adotarem “uma nova estratégia” que permita colocar a EMRC “nas fronteiras”.

“Tem de ser uma disciplina em fronteira. Que dialoga, que vá buscar os que já não acreditam, que andam nas margens, que estão fora. Este é o nosso patamar dialogante. Devemos ter uma capacidade para lá das nossas estruturas, e aí temos de ser muito mais humildes e caminhar pela via da cultura”, finalizou.

Reunião com vários pontos em agenda

Organizada pelo departamento da EMRC, do Secretariado Nacional da Educação Cristã, a reunião analisou, ainda, os “trabalhos de reelaboração dos novos manuais; a formação de professores; o concurso de professores; a proposta de aulas sobre a Jornada Mundial da Juventude”, que Lisboa acolhe no próximo mês de agosto, e “os encontros nacionais da disciplina”, com a XI edição do encontro para alunos do secundário, em Coimbra, e o tradicional ‘Interescolas do 1º Ciclo’, em maio.

Educris|16.01.2023



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