RDC: Prisão de sacerdote faz crescer tensão no país

Religiosa da paróquia de Saint Robert, localizada em N’Sele, um bairro nos subúrbios da capital, Kinshasa na República Democrática do Congo (RDC) denunciou prisão de sacerdote.

Em declarações prestadas à agência de notícias France Press, a religiosa que optou pelo anonimato, afirmou que "o padre Sébastian foi sequestrado depois da missa matinal" de sábado, dia 3 de Fevereiro, “pela polícia”.

De acordo com o portal Vatican News, trata-se do “Padre Sebastien Yebo” religioso passionista e pároco da Igreja de St. Robert desde Agosto de 2017.

Na descrição desta religiosa, quando o padre Sebastian Yebo abandonava o edifício da igreja “chegou um veículo da polícia, de onde saíram vários agentes que começaram a bater” no sacerdote. Depois, os agentes da autoridade “obrigaram-no a entrar no jipe e levaram-no com eles”, afirma a religiosa que presenciou a agressão.

Este incidente ocorre num momento de particular tensão entre o governo e a Igreja, por causa das manifestações realizadas no último dia do ano passado e a 21 de Janeiro, contra a permanência no poder do presidente Joseph Kabila.

Essas manifestações foram fortemente reprimidas pelas autoridades, provocando pelo menos 15 mortos segundo dados revelados entretanto pelas Nações Unidas.

Nas manifestações de 21 de Janeiro morreram pelo menos 6 pessoas, uma das quais foi morta a tiro quando se encontrava numa igreja na capital, Kinshasa. O caso, denunciado então pela Fundação AIS, foi relatado por um antigo ministro do governo da República Democrática do Congo.

Segundo Jean-Baptise Sondji, “um carro blindado passou em frente da igreja” e os soldados “começaram a disparar balas reais”. Foi nessa altura que a rapariga, de 16 anos, “que se encontrava junto à porta, foi atingida”.

Essas marchas de protesto foram convocadas não só pela Igreja Católica como tiveram também o apoio de igrejas evangélicas assim como de elementos da comunidade muçulmana.

A reacção policial, violenta e excessiva, tendo em conta que se tratou de manifestações pacíficas, está a causar grande constrangimento em diversos sectores da sociedade congolesa, nomeadamente na Igreja.

No rescaldo das manifestações de Janeiro passado, o padre Apollinaire Cibaka Cikongo, que é também professor no Seminário de Cristo Rei em Malole, na província de Kasai Central, confirmou, agressões da parte da polícia a uma comunidade cristã:

"O exército e a polícia dispararam em paroquianos durante a Santa Missa, quando estavam prestes a participar na marcha pacífica organizada pelo Comité de Coordenação de Leigos, liderado por alguns dos professores universitários católicos", disse em declarações à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).


Estas manifestações têm como ponto principal a exigência de eleições livres e o fim da liderança do país por Joseph Kabila, cujo mandato presidencial expirou, recorde-se, em 20 de Dezembro de 2016.

Agora, o desaparecimento e a agressão da polícia ao Padre Sébastian, no passado sábado, vem aumentar ainda mais o clima de tensão que se vive neste país.

Educris com AIS

05.02.2018



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