Leão XIV sublinha importância da fé autêntica e da coragem necessária para procurar jesus em tempo de cansaço e julgamentos sociais
O Papa denunciou, ontem, “o cansaço de viver” como uma “doença muito difundida no nosso tempo”.
“A realidade parece-nos demasiado complexa, pesada, difícil de enfrentar. Então, abatemo-nos, adormecemos na ilusão de que quando acordarmos as coisas serão diferentes”.
Aos fiéis, reunidos na praça de São Pedro, no Vaticano, Leão XIV convidou a enfrentar a realidade “com Jesus”, e deixou o convite a não se deixarem dominar pelo desânimo, mas para procurar na fé a força necessária para continuar.
Sustentando que são estas as situações de fundo presentes na passagem do Evangelho de Marcos, proferida no início da audiência geral, o Papa abordou a confiança da mulher que “sangrava há 12 anos” como fundamental para a mudança de vida.
“Com grande coragem, esta mulher tomou a decisão que muda a sua vida: todos continuavam a dizer-lhe que se mantivesse à distância, que não se mostrasse. Tinham-na condenado a permanecer escondida e isolada”.
Para o Papa a cena do evangelho encontra paralelismo na vida de cada crente sempre que “somos vítimas do julgamento dos outros, que pretendem vestir-nos com uma roupa que não é nossa”.
Leão XIV citou Santo Agostinho para explicar a singularidade deste ato: «A multidão aglomera-se à minha volta, mas a fé toca-me», disse.
“É assim cada vez que praticamos um ato de fé destinado a Jesus, estabelece-se um contacto com Ele e imediatamente brota d’Ele a sua graça. Às vezes não nos damos conta, mas de modo secreto e real a graça chega até nós e, dentro, transforma lentamente a vida”, desenvolveu.
Para o Papa os dias de hoje parecem revelar “muitas pessoas” que aproximam de “Jesus de maneira superficial, sem acreditar verdadeiramente no seu poder. Pisamos a superfície das nossas igrejas, mas talvez o coração esteja noutro lugar”, criticou.
Ao meditar sobre o episódio da filha de Jairo, Leão XIV convidou os fieis a um olhar sobre a menina e sobre o seu pai “que não permanece em casa a queixar-se, mas sai e pede ajuda”.
“Embora seja chefe da sinagoga, não faz reivindicações pela sua posição social. E quando lhe dizem que a filha está morta, não perde a fé e espera.” Jesus consola-o com as palavras: “Não temas, tem fé.”
O Pontífice explicou que “para Deus, que é Vida eterna, a morte do corpo é como o sono” e que “a verdadeira morte é a da alma, e dela é que devemos ter medo”. Assim, Jesus “não só cura de todas as doenças, mas também desperta da morte”, sustentou.
Aos pais, presentes na praça de São Pedro o Papa deixou o desafio sob a forma de interrogação:
“Quando os nossos filhos estão em crise e precisam de alimento espiritual, sabemos dá-lo? E como o podemos fazer, se nós próprios não nos nutrimos do Evangelho”, interrogou.
No final da sua catequese o Papa convidou os fiéis a seguirem o exemplo da mulher e do pai da menina, confiando em Jesus como fonte de vida e esperança.
“Na vida há momentos de desilusão e desânimo, e há também a experiência da morte. Aprendamos com aquela mulher, com aquele pai: vamos ao encontro de Jesus: Ele pode curar-nos, pode fazer-nos renascer”, completou.
Imagem: Vatican MEDIA
Educris|26.06.2025