Igreja/Sociedade: Comissão Justiça e Paz condena ação militar em Gaza

Organização católica critica "agravamento do conflito" em Gaza e acusa Israel de "ultrapassar os limites da legítima defesa" e de praticar atos que “se qualificam como crimes de guerra e contra a humanidade”

A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), orgão da Conferência Episcopal Portuguesa, acaba de divulgar uma nota onde denuncia a resposta militar israelita aos ataques do Hamas de 7 de outubro de 2023, considerando que, embora o direito de defesa seja legítimo, a reação “desde há muito excedeu critérios de legítima defesa e proporcionalidade”.

"Provocou, e continua a provocar, a morte de várias dezenas de milhar de palestinianos inocentes", lamenta a Comissão, sublinhando o sofrimento de civis e, em particular, de crianças, “a quem é negado o futuro”.

Sob o titulo «É tempo de gritar pela paz» o documento, deste organismo da Igreja Católica portuguesa considera “inaceitável” a recusa sistemática de acesso a bens básicos como água e alimentos, e alerta para os “propósitos do governo israelita, com o apoio do governo norte-americano, de eliminação e deportação coletiva da população residente na faixa de Gaza”.

"Estes propósitos não favorecem a libertação dos reféns israelitas, não reduzem a adesão de muitos palestinianos ao Hamas, nem contribuem para que, no futuro, os povos desta região possam viver em paz e segurança".

A CNJP rejeita que a crítica à política israelita seja confundida com antissemitismo, afirmando que tal confusão “é partilhada por muitas pessoas de fé e cultura judaicas”.

No plano político, a Comissão exige aos governos da União Europeia — e em especial ao português — uma tomada de posição clara e defende mesmo "a suspensão da cooperação com o governo de Israel, sob pena de incoerência com os princípios de defesa dos direitos humanos que regem esta União".

A missíva lança um apelo "a todas as comunidades religiosas, em particular a comunidade católica", a que continuem "unidas na oração pela Paz naquela região do mundo e em todos os contextos feridos pela guerra, dando testemunho de que a fé não pactua com a indiferença nem com a violência, mas é caminho de reconciliação, justiça e compromisso com a dignidade de todos os seres humanos".

A nota encerra com um apelo à oração, à solidariedade e à esperança, para com todos os que sobrevivem na Faixa de Gaza.

"Exprimimos também a nossa solidariedade para com todas as pessoas da Terra Santa, em especial as que (sobre)vivem na Faixa de Gaza, e renovamos o propósito de rezar para que, apesar de tudo, elas não percam a esperança de um futuro de justiça e paz".

Imagem: Foto de Mohammed Ibrahim na Unsplash


Educris|12.06.2025



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