Vaticano: «Esta é a hora do amor!», afirma Leão XIV em início de Pontificado

«Amor e unidade» são os dois pilares do ministério Petrino que Leão XIV quer assumir

O Papa Leão XIV disse hoje assumir o ministério petrino “sem mérito”, e prometeu um pontificado de caminho em conjunto, de serviço e de alegria.

"Fui escolhido sem qualquer mérito e, com temor e tremor, venho até vós como um irmão que quer ser servo da vossa fé e da vossa alegria, caminhando convosco no caminho do amor de Deus, que nos quer a todos unidos numa só família", começou por referir.

Na homilia, da eucaristia a que presidiu esta manhã, e na qual recebeu o pálio e o anel do pescador, marcas do ministério petrino, Leão XIV recordou a morte do seu predecessor como um momento que “encheu os nossos corações de tristeza”.

“Naquelas horas difíceis, sentimo-nos como aquelas multidões de que o Evangelho diz que eram «como ovelhas sem pastor» (Mt 9,36). No próprio dia de Páscoa recebemos a sua bênção final e, à luz da Ressurreição, enfrentamos este momento na certeza de que o Senhor nunca abandona o seu povo, reúne-o quando está disperso e «guarda-o como um pastor guarda o seu rebanho» (Jr 31, 10)”, declarou.

Perante cardeais, bispos, autoridades civis, diplomatas e milhares de fiéis que encheram toda a Praça de São Pedro, no Vaticano, o novo Papa descreveu o Conclave como um tempo de oração e escuta, marcado pela diversidade e comunhão.

“Vindos de histórias e caminhos diferentes, colocámos nas mãos de Deus o desejo de eleger um pastor capaz de guardar a fé e olhar longe, para os desafios do nosso tempo”, revelou.

Para Leão XIV o Conclave foi como que sentir “o Espírito Santo a afinar os instrumentos, fazendo vibrar os nossos corações numa só melodia”.

A partir do trecho do evangelho de São João, em que Jesus aborda a questão do amor, o Papa americano explicou que a missão de Pedro — e, por extensão, da Igreja — nasce do amor que Deus nos tem.

“Só quem se deixou amar por Deus pode verdadeiramente apascentar os irmãos”, disse, referindo-se ao diálogo entre Jesus e Pedro à beira do lago de Tiberíades.

“Mas este amor”, explicou, não é um sentimento vago nem uma emoção passageira”. Antes um amor que se traduz em entrega, em doação, em vida partilhada.

“A autoridade de Pedro não está no poder, mas na caridade. O ministério de Pedro é marcado precisamente por este amor oblativo, porque a Igreja de Roma preside na caridade e a sua verdadeira autoridade é a caridade de Cristo. Não se trata nunca de capturar os outros com a prepotência, com a propaganda religiosa ou com os meios do poder, mas se trata sempre e apenas de amar como fez Jesus”, declarou.

Ao olhar para o mundo atual, marcado por divisões, violências e exclusões, o Papa lançou um apelo à reconciliação e ao papel da Igreja.

“Queremos ser um pequeno fermento de unidade, dentro de um mundo ferido. Um sinal de comunhão, de fraternidade, de esperança”.

Leão XIV convidou “crente e não crentes” a olhar para Cristo na certeza que no acolhimento da sua palavra é possível construir “juntos um mundo novo, onde a paz seja possível e a dignidade de cada pessoa seja respeitada”.

Ao citar Leão XIII, fazendo eco da célebre Rerum Novarum, que há mais de um século denunciava as injustiças sociais, o Papa desafiou à alteração dos critérios que presidem às decisões das nações.

“Se o critério da caridade prevalecesse no mundo, não cessaria imediatamente toda a divergência?”, questionou.

No final da sua homilia o Papa afirmou ser esta “a hora do amor”.

“Com a força do Espírito, construamos uma Igreja que seja sinal de unidade, missionária e aberta ao mundo, capaz de ser fermento de harmonia para a humanidade”.

Imagem: Transmissão Vatican Media

Educris|18.05.2025



Newsletter Educris

Receba as nossas novidades