Ao comemorar-se, neste ano pastoral 2023/24, os 25 anos da criação da APEC, queremos exprimir a nossa alegria por sentir bem vivo e com ardor renovado um setor da Igreja que acolhemos, desde sempre, com toda a atenção e com todo o carinho.
A nossa primeira palavra é dirigida a todos os alunos que cresceram (e crescem) em sabedoria, estatura e graça no seio de uma Escola Católica. São eles a razão de ser da “escola”. São eles os destinatários privilegiados de tudo que significa o adjetivo “católica”. A seu lado, está a família. Bem-hajam, caros pais, por terdes acreditado numa educação que assenta nos valores evangélicos e procura que os vossos filhos aprendam a «língua da mente, a língua do coração, a língua das mãos»[1], tendo como referência a pessoa de Jesus Cristo! Como primeiros educadores dos vossos filhos, bem desejamos que vós possais escolher a escola que entenderdes, sem entraves financeiros ou outros!
Mas, para haver escolas católicas, é preciso gente que as crie e as tenha a funcionar. Dirigimo-nos agora a vós, caros responsáveis de congregações religiosas, de escolas diocesanas ou de associações privadas de fiéis, irmãs, irmãos, sacerdotes, leigos, que, superando dificuldades de diversas ordens, mantendes abertas as portas a quem deseja entrar. Não desistais nunca, porque a missão das vossas escolas insere-se plenamente nos desígnios da Igreja, como espaço eclesial que são[2]. Dirigimo-nos a vós, caros educadores docentes e não docentes, que, imbuídos do Projeto Educativo da Instituição, no dia a dia, «pela vossa capacidade e arte didático-pedagógica, assim como pelo testemunho de vida, garantem à Escola Católica a realização do seu projeto formativo»[3].
Há 25 anos…
Em boa hora, em 1996, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) decide reunir todas as escolas católicas e desafiá-las a criar uma “associação” que, em sintonia com o Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC), procure congregar as escolas e, em conjunto, fazer coisas novas e significativas para promover a comunhão e a partilha em torno de uma identidade que é comum. É assim que, depois de um processo conduzido pelo presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã, D. Albino Mamede Cleto, e pelo seu secretário, Pe. Aurélio Campos, é criada, em 1998, a “Associação Portuguesa de Escolas Católicas”, com Estatutos aprovados na Assembleia da CEP do mês de abril.
Bem-hajam, pois, os cabouqueiros da APEC, que, aplainando montes e colinas, e criando pontes, souberam aproveitar e potenciar a riqueza da diversidade de dons, de carismas e de propostas educativas.
Hoje…
Congratulamo-nos pelo bem que a APEC tem feito durante este quarto de século: como realidade eclesial na senda da evangelização e na promoção da identidade e missão das escolas católicas; no estímulo para a comunhão, partilha e cooperação, gerador de sinergias; na promoção da liberdade de educação, a fim de as escolas, porque “católicas”, serem abertas a todos, privilegiando os mais frágeis; na colaboração com as famílias na construção do projeto de educação que ambicionam para os seus filhos; ao sistema educativo e à rede escolar, colmatando lacunas e afirmando uma marca peculiar, insubstituível e tão expressivamente procurada.
Tudo isto, tendo como referência o Evangelho.
Os desafios do futuro…
Transferindo para este contexto uma frase recentemente proferida pelo Papa Francisco, ousamos pedir que também a Escola Católica «não seja administradora de medos mas empreendedora de sonhos»[4], acreditando que o Espírito a acompanha e ilumina e a ajuda a discernir os sinais dos tempos.
Neste sentido, é fundamental a Escola Católica viver intensamente a sua identidade e missão e adequá-la a um mundo em mudança, maioritariamente secularizado e com muitos desafios. E neste cenário nem sempre favorável, ser resposta para os anseios mais profundos da pessoa humana, abrindo-a à sua vocação de transcendência.
Concomitantemente, ela deve ter capacidade, criatividade e sabedoria para encontrar respostas a questões interpelantes e prementes, tais como a implicação que a diminuição das vocações de consagração tem na continuidade de projetos educativos congregacionais, a escassez de colaboradores qualificados e identificados com a fé cristã, a premência de lideranças fortes e estáveis.
Para tal, é necessário promover a articulação harmoniosa de todos os atores educativos da Escola Católica, em interação com a realidade eclesial, mas também com a envolvente realidade social e – sem esquecer a determinante responsabilidade do Estado, em matéria de liberdade e de subsidiariedade – a realidade política, na construção do “Pacto Educativo Global” que insistentemente nos tem falado o Papa Francisco. Porque todos, mesmo todos, somos convocados para este “desígnio de salvação”.
A Maria, que dá nome a tantas delas, confiamos todas as escolas católicas, para que promovam, com renovado entusiasmo, «a síntese entre fé, cultura e vida, que é a chave peculiar da missão educativa»[5] e «sejam protagonistas de uma “nova coreografia” que coloque no centro a pessoa humana»[6].
Os bispos da
Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé,
Ano pastoral/ letivo 2023-2024
Dia Mundial da Educação Católica: 9 de maio.
[1] Discurso do Papa Francisco aos estudantes e professores das escolas italianas. Praça de S. Pedro, 10 de maio de 2014.
[2] Cf. Congregação para a Educação Católica. Instrução A IDENTIDADE DA ESCOLA CATÓLICA PARA UMA CULTURA DO DIÁLOGO. Cidade do Vaticano, 2022, n.º 21.
[3] Congregação para a Educação Católica. Instrução A IDENTIDADE DA ESCOLA CATÓLICA PARA UMA CULTURA DO DIÁLOGO. Cidade do Vaticano, 2022, n.º 45.
[4] Cf. Discurso do Papa Francisco no encontro com os jovens universitários, Universidade Católica Portuguesa, em 3 de agosto de 2023.
[5] Congregação para a Educação Católica. Instrução A IDENTIDADE DA ESCOLA CATÓLICA PARA UMA CULTURA DO DIÁLOGO. Cidade do Vaticano, 2022, n.º 29.
[6] Cf. Discurso do Papa Francisco no encontro com os jovens universitários, Universidade Católica Portuguesa, em 3 de agosto de 2023.