Novo recurso apela a um “uso consciente dos sistemas de Inteligência artificiais” e à “primazia do humano”
O Vaticano, através do Dicastério para a Cultura e Educação e em parceria com o Centro Markkula de Ética Aplicada da Universidade de Santa Clara nos Estados Unidos da América, acaba de editar o manual «Ethics in the Age of Disruptive Technologies: An Operation Roadmap» [ndr: Ética na Era das Tecnologias Disruptivas: Um Roteiro de atuação».
O novo manual quer ser “um guia para os leitores criarem a sua própria estrutura de tecnologia” e para as diversas instituições que pelo mundo trabalham as questões da inteligência artificial.
“O Papa sempre teve uma visão ampla do mundo e da humanidade e acredita que a tecnologia é uma coisa boa. Mas, à medida que a desenvolvemos, chegamos às questões mais profundas”, afirma o padre Brendan McGuire, da paróquia de St. Simon em Los Altos, em entrevista ao site Gizmodo.
Sendo a primeira obra do Instituto de Tecnologia, Ética e Cultura (ITEC) o anual de 140 páginas pretende ser uma autêntica bussola para a navegação pela tecnologia eticamente ambígua.
“A ideia é a de ajudar as pessoas em todas as etapas, desde a programação em diante. Tentámos escrever na linguagem dos negócios e da engenharia para que possam ser realmente usados e se encontre semelhanças a coisas e padrões que os especialistas já viram antes”, explica Ann Skeet, coautora do livro.
Recentemente várias personalidades que trabalham com a inteligência artificial pediram um refrear dos avanços nesta área e avançaram com pedidos de legislação no setor.
Já em 2020, na sua intenção mensal de oração, o Papa Francisco havia pedido pelos “avanços na área da robótica e da Inteligência artificial” exortando que tais bens estivessem sempre “ao serviço do ser humano”.
O manual do Vaticano, disponível para download no site da universidade de Santa Clara apresenta sete princípios orientadores e 46 princípios de específicos para uma ação ética.
Entre eles, está o princípio “Respeito pela dignidade e direitos humanos”, cujo foco está no direito à "privacidade e confidencialidade", numa clara critica ao uso dos dados recolhidos em pesquisas e demais interações digitais sem preocupação com a privacidade dos utilizadores.
Educris|01.07.2023
Foto de Pavel Danilyuk in pexels