«A Fraternidade pressupõe a existência de um Pai», D. António Couto (C\vídeo)

Bispo de Lamego afirmou impossibilidade de construir a fraternidade sem Deus

D. António Couto, Bispo de Lamego, afirmou hoje que um dos problemas das sociedades atuais se funda “na morte do Pai, Deus” e na incapacidade da humanidade em gerar “uma fraternidade que carece de um Criador”.

“O ocidente há séculos que não fala de criação, mas de natureza! Nos sistemas fundados sobre os valores franceses vemos uma contradição interna! A fraternidade não devia ser aqui incluída porque ultrapassa o projeto iluminista! Não se luta nem se comprar a fraternidade! Não se luta para ser Irmão, recebe-se o irmão”, apontou na sua intervenção d abertura nas Jornadas Nacionais de Catequistas 2020 que decorrem, este ano, em versão online.

Numa reflexão subordinada ao tema «A Família na Sagrada Escritura» o prelado sustentou a ideia de que para o pensamento bíblico “não amar impede de nascer” pois “a autossuficiência, a autorreferência” transforma o ser humano “no dono de si, e ao mesmo tempo, escravo de si mesmo”.

Considerando que o amor “não é teu nem é meu”, mas procede do “Pai das Luzes”, o biblista lembrou que “a origem que é Deus acompanha a viagem do começo do tempo”.

“Uma origem que caminha connosco, mas não conhece fim! O amor que está em nós ou em que estamos nós, não provém nem de mim nem de outros, nem sequer de si mesmo! O amor não é meu nem é teu! O amor é dado”, afirmou.

D. António Couto considerou que “a família é a raiz da fraternidade” pois aí se contacta, pela primeira vez, com o amor”.

“Quando nasce um filho é Deus que nos visita porque toda a paternidade vem do alto. Amor eterno, descido ao nosso mundo e verificado na nossa carne. É esse amor eterno, verdadeiro, portanto que nos faz nascer como irmãos”.

A Idade Moderna: A Ausência de Deus e o declínio das instituições

Citando Jean-Luc Marion o biblista apresentou os ideais da revolução francesa e americana para lembrar que “a liberdade pode surgir na vida pública e na igualdade, mas a fraternidade, porém, pressupõe um pai. A sociedade laica funda-se sobre a ausência do pai e o único pai ausente possível é Deus, a tal origem”.

Perante esta ausência de “um Deus que acompanha, acarinha e tem um olhar de amor” parece “que tudo ´permitido e tudo passa a ter o mesmo valor”.

“Vejamos como hoje as grandes instituições estão de rastos. Estão de rastos os modelos da política dos estados, a escola ou a própria Igreja. Tudo parte da minha decisão. Não temos cordão umbilical. Não há mãe nem pai. Isto acontece porque falta o essencial: Deus”, lamentou.

Para D. António Couto a “maior revolução da história foi a retirada de Deus”.

“A providência e a transcendência! Perdemos os elos que podem comentar a nossa família, a nossa maneira de viver de maneira divina. Ficamos perdidos e não sabemos o que dizer nem fazer”.

As Jornadas Nacionais de Catequistas 2020 continuam amanhã, em direto no Zoom, Youtube e Facebook da Educação Cristã, a partir das 15h00.

Educris|23.10.2020



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