«A Catequese leva à experiência de Cristo», Juan Carlos Carvajal Blanco

Especialista espanhol esteve em Braga e condenou tentação de fazer da catequese um “neo-gnosticismo”

O diretor do departamento de pastoral da Universidade de San Dámaso, em Madrid, esteve ontem em Braga, no 1º Encontro de Catequetas Ibéricos, promovido pela Faculdade de Teologia, pólo de Braga, em parceria com o SNEC.

Na sua intervenção, subordinada ao tema «Catequese com sabor a Jesus Cristo» o especialista criticou a tentação de “fazer da catequese um conjunto de conhecimentos que se adquirem” como se “o ser cristão se trata-se de um acesso a um qualquer conhecimento que fica na mente e não se reflete na vida”:

“A catequese não pode ser parte de uma ideologia. O modo como levamos outros à experiência da catequese deve conduzir à ação pois o objetivo último do ato catequético é criar o Homem Novo que vive sob ação do Espírito Santo.  Se [ndr: a catequese] apenas fica na mente é neo-gnosticismo”.

Juan Carlos Carvajal Blanco atribuiu a esta “tentação de transmissão gnóstica da fé” a “debandada dos mais novos ao final de tantos anos na catequese”:

“Muitas vezes apenas transmitimos gnosticamente a vida da fé a partir da mente e ficamos convencidos que vivemos daquele modo. Por que deixam os jovens as igrejas? Por que tudo ficou na mente. Que me vais explicar a mim que ainda não saiba?”, questionou.

Para mudar “este modo de pensar e fazer catequese” o docente desafiou os presentes a “mudarem o paradigma e a ajudarem os catequistas a entrar na finalidade última e determinante do ato catequético que é o de criar um Homem Novo”.

“Muitas vezes programamos bem e fazemos muitos planos, estabelecemos métodos e pensamos que a didática é suficiente afastando-nos do centro da missão da Igreja que criar um Homem novo pela intervenção do Espírito Santo”.

Para o professor da universidade de San Dámaso é vital que o ato catequético se centre “em treinos, iluminados a partir do catecismo, e da escritura, e que levem a pessoa a sentir-se chamada a fazer a experiência de Cristo ao fazer as obras de Cristo e não apenas por sabê-lo na mente”.

Deste modo -reforçou – a catequese deve ser lugar da “experiência de fazer entrar em contacto o Humano e do Divino, introduzindo o Humano no mistério Trinitário pois essa é a missão da própria Igreja”, reforçou.

A Igreja não é uma ONG’S ou um ato solidário

Perante a “tentação dos ativismos” Juan Carlos Carvajal Blanco pediu aos participantes para não reduzirem “a atividade catequética à dimensão social de uma organização não governamental ou a um ato solidário” pois “isso não cumpre com a missão da Igreja que oferece uma novidade inaudita do Cristo encarnado que nos faz entender o mistério do próprio Deus”.

“Se não concebermos Jesus como filho de Deus e de Maria podemos olhar para Jesus como mestre e sábio mas não entrar no mistério. ‘O que é Deus’, não sei, mas sei o que é o ser humano e Jesus também o sabe. Quando acedo a Jesus entro em conexão com Deus. Aí encontramos o Humano pleno. Muita da nossa catequese apresenta Jesus, mas não no-lo apresenta como mediador e esta é a chave do sabor a Jesus”, explicitou.

No final o também autor de «Evangelizadores ao sabor do Espírito» destacou a importância de integrar “os mais novos na vida litúrgica e eclesial” levando-os “ao compromisso, ao fazer da experiência de Cristo presente e atuante na sua Igreja”.

Educris|14.07.2019



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