Cónego Luís Miguel Figueiredo Rodrigues defende que a catequese deve ser “espaço de escuta, discernimento e transformação” para responder aos desafios do nosso tempo
O III Encontro de Catequetas da Península Ibérica, que decorre em Madrid a partir de hoje, nasce de uma constatação simples, mas profunda: “portugueses e espanhóis partilham não só o território ibérico, mas também muitos desafios comuns na ação catequética da Igreja”.
A iniciativa, a terceira do género, visa promover uma reflexão conjunta sobre o tema «Sinais dos Tempos: Discernimento e Catequese».
“Este encontro não procura dar respostas imediatas, mas ajudar-nos a perscrutar os grandes desafios que se colocam à catequese na Igreja de hoje”, afirmou ao EDUCRIS o sacerdote da Arquidiocese de Braga antes de partir para Espanha.
Inspirados pelo “impulso sinodal do Papa Francisco”, os organizadores consideram essencial “colocar o discernimento no centro da catequese atual”.
“Vivemos hoje uma mudança de época que exige uma nova forma de pensar e propor a fé cristã, mais adaptada às realidades contemporâneas”, lembra o catequeta português.
Com um Diretório de 2021, que “apresenta uma mudança de paradigma na transmissão da fé”, o teólogo lembra que “existe sempre um certo ‘delay’ entre os documentos e a prática concreta nas comunidades”, sendo necessário “reunir contributos que possam “ajudar a fazer caminho”, sublinha,
A preparação do encontro foi feita em várias fases: desde a descoberta do tema, em dezembro, até um trabalho conjunto de análise e redação em março. Durante este processo, surgiram algumas perguntas que refletem bem um caminho que importa trilhar.
“Um dos catequetas portugueses perguntou se a catequese é curso ou é caminho — e essa é, sem dúvida, uma das questões mais atuais”, declara o Cónego Luís Miguel Figueiredo Rodrigues.
Para lá dos momentos de reflexão, o especialista em catequese sustenta que há “um apelo claro à ação e à renovação” no momento atual.
“A catequese deve ser fermento e sal na transformação da Igreja. Para isso precisa dos contributos da teologia, com as suas intuições, e do diálogo com a prática” de modo a “dialogarem de forma mais eficaz”.
“A Igreja é chamada a ser sinodal, e isso tudo começa pela escuta. Só escutando verdadeiramente podemos propor Jesus Cristo às novas gerações”, concluiu.
O III Encontro quer ser, assim, “um catalisador de mudança”, reconhecendo que, embora existam resistências e limitações, o momento atual exige coragem, abertura e compromisso com a missão evangelizadora da Igreja.
Educris|12.06.2025