No sábado antes do Pentecostes, a sua mulher regressou a Baasmere para poderem passar a festa juntos. Estávamos a 20 de Maio de 2018. Depois da Liturgia da Palavra, os fiéis regressaram a casa. Ao meio-dia, Mathieu estava a descansar em casa quando, de repente, um grupo de dez homens armados e mascarados irrompe porta dentro. “Porque é que ainda estás aqui?”, perguntaram-lhe. “Sou catequista, este é o meu dever”, responde ele. Mandaram-no deitar no chão, vendaram-lhe os olhos e ataram-lhe as mãos e os pés.
Ouvia-os a destruir os seus bens e a deitar-lhes fogo. Depois, colocaram-no na parte de trás de uma mota, entre dois terroristas. “Pensei que ia morrer”, recorda Mathieu. “As minhas mãos estavam tão apertadas que não senti os pulsos durante um mês, porque a circulação tinha sido cortada.” Como tinha os olhos vendados, Mathieu nem sequer se apercebeu que Pauline também tinha sido levada. Ela tinha pedido para não ser amarrada, uma vez que estava grávida de cinco meses na altura, mas os terroristas ignoraram o seu pedido e amarraram-lhe também as mãos e os pés. “Depois da primeira noite, tiraram-me a venda dos olhos e desamarraram-me, e foi então que percebi que ela também estava ali. Foi horrível. Mas não me deixaram falar com ela.” E foi uma longa viagem, depois dessa primeira noite em que dormiram ao relento.
A seguir, andaram mais um dia inteiro, até chegarem a um local onde deveriam ficar uma semana. “Depois, voltaram a transportar-nos, desta vez num jipe que tinha sido roubado do hospital de Djibo, e levaram-nos para o nosso destino final, onde ficámos durante quatro meses.” Até hoje, Mathieu ainda não sabe excatamente o local onde o mantiveram, nem sequer em que país esteve.
Quando chegou ao destino final, foi levado ao chefe do grupo, que não era local, mas árabe. Exigiram-lhe que se divorciasse da mulher. “Todos os dias me diziam que me iam matar. Normalmente, cortaríamos a tua garganta, mas podes escolher como preferes morrer, diziam. Era aterrador”.