«Formar catequistas capazes de acompanhar é o grande desafio», defende o padre Luís Miguel Rodrigues
III Encontro de Catequetas da Península Ibérica decorreu em Madrid, e abordou temas como a secularização, a missão catequética e a formação dos agentes pastorais
O cónego Luís Miguel Figueiredo Rodrigues, professor e catequeta português, considera que o grande desafio que se coloca à catequese é “o da formação de catequistas que sejam capazes de estar ao lado, de acompanhar e de fazer crescer”.
No final do III Encontro de Catequetas da Península Ibérica, que teve lugar em Madrid, nos dias 11 e 12 de junho de 2025, o sacerdote apresentou algumas “semelhanças e diferenças entre as duas realidades eclesiais”.
A Igreja espanhola está numa secularização mais avançada que em Portugal”, afirmou, acrescentando que, apesar disso, “em Portugal, vemos essa secularização como um desafio estimulante”, situou.
Num encontro marcado pela partilha de experiências entre Portugal e Espanha na área da catequese, e num momento em que está em aplicação um novo Itinerário, e estão a ser produzidos novos materiais catequéticos, o catequeta disse estar convicto de que “a experiência de fé deve estar cada vez mais ligada às necessidades concretas da vida das pessoas”.
“Cada vez mais, a proposta da fé tem de ser uma resposta imediata à inquietação que a pessoa está a viver. Não basta um itinerário que só dará frutos no final2, alertou.
O também professor universitário mostrou-se convencido de “numa sociedade plural, imediata e cada vez mais laicizada”, é crucial que o “estar na Igreja” faça “bem às pessoas”.
“Digo isto no sentido de que estar em Igreja humaniza, permite fazer, desde o primeiro momento, uma experiência forte que deve, depois, ser acompanhada pelos catequistas no sentido de se realizar um discernimento que acontece em caminho, como no episódio bíblico de Emaús”.
Olhando para a realidade portuguesa, o cónego da Arquidiocese de Braga considerou ser central “a formação de agentes”, a par “da produção de novos materiais”.
“A prioridade é dos agentes. Não posso acompanhar um agente sem lhe pôr nada na mão. A formação tem de andar a par com o estilo de acompanhamento que se pretende”.
O sacerdote alertou para a importância de “saber quem está nas coordenações de base e diocesanas” e de aí “haver gente capaz de ler os sinais dos tempos”.
“Temos de pensar quem temos nas coordenações e que capacidade têm de ser hermeneutas da realidade”, sustentou.
Num momento em que a Igreja na europa vai apresentando número cada vez mais reduzidos, sacerdote defende um olhar atento e profético.
“A Igreja é de Deus, não é nossa. Temos de ser sentinelas, atentos aos sinais, capazes de deixar modos antigos de fazer e de nos deixarmos surpreender. Não vale a pena fazer só por fazer. É preciso saber para onde se quer ir, conhecer os recursos e saber usá-los perante quem temos diante”, completou.
O próximo encontro está já agendado para Portugal, dentro de dois anos, com reuniões preparatórias a cada três meses, mantendo vivo o espírito de partilha entre os dois países.