Porto: Projeto «Fédedigno» assinala primeiro ano de trabalho com catequistas

A partir de um “programa de rádio e de uma inquietação” projeto, criado pelo catequista Carlos Novais leva, a todo o país, uma formação sobre «o ser catequista» com momentos de partilha, aprofundamento da fé, e trabalho em conjunto

EDUCRIS: Como surgiu esta ideia de criar um projeto à volta da catequese?

Carlos Novais: O FÉdedigno nasceu de uma inquietação e de um desejo profundo de dar um novo impulso à nossa missão enquanto Catequistas. 

Ao longo de vários anos, ao serviço da Catequese, percebi que muitos Catequistas se sentem sozinhos nesta Missão, muitas vezes, sobrecarregados e sem um espaço real de partilha e encontro, uns com os outros em comunidades, por vezes, um pouco “vazias” do espírito de uma missão conjunta e sedentos de uma motivação contínua. 

Ao criar este projeto tive como objetivo gerar algo que não fosse apenas um novo recurso, até por que estamos rodeados de fantásticos materiais, itinerários e formações, como é exemplo o «Ser Catequista», mas sim, um lugar de encontro, de união, de partilha e de inspiração entre Catequistas e comunidades, um projeto que permitisse aos Catequistas redescobrir a sua vocação, com entusiasmo e autenticidade, e essencialmente capacitá-los de que precisamos de caminhar, rezar e trabalhar juntos. 

O Papa Francisco desafia-nos constantemente a sermos uma Igreja em saída e isso tem de começar dentro das nossas próprias comunidades e dos nossos grupos de Catequistas. A Catequese necessita de um espaço que leve os Catequistas a sair da rotina, a fortalecer os laços comunitários e a reencontrar o entusiasmo da sua Missão.

Foi assim que nasceu o “FÉdedigno”, um projeto que mergulha na vida concreta das comunidades, proporcionando experiências vivas de encontro, de partilha e de renovação na fé.

EDUCRIS: Por que lhe chamaste “FÉdedigno”?

Carlos Novais: No ano de 2022, a convite do Padre Filipe Resende, criei o programa de rádio FÉdedigno, transmitido na Rádio JIM. Este programa tinha como objetivo ir ao encontro das comunidades, escutar os jovens e contrapor as suas respostas com o Youcat (Catecismo Jovem da Igreja Católica), promovendo assim uma reflexão sobre a fé e os desafios do mundo atual. 

O nome FÉdedigno nasceu de um jogo de palavras com um significado muito especial para mim. Por um lado, remete para o substantivo fidedigno, ou seja, algo autêntico, verdadeiro e de confiança. Por outro, destaca a centralidade da fé na vida do Catequista e da comunidade cristã. Nós, Catequistas, somos chamados a transmitir uma fé viva, que inspire, transforme e se torne presente na vida concreta daqueles que nos rodeiam. 

Acredito que esta fidelidade se torna mais sólida e autêntica quando vivemos a Catequese em comunidade, numa Igreja coesa, unida e alimentada pela partilha entre todos.

EDUCRIS: Que balanço fazes deste primeiro ano de funcionamento do projeto?

Carlos Novais: Este primeiro ano foi de uma intensidade única, cada encontro, cada partilha, cada momento de reflexão foi surpreendente.  Muito mais do que quantificar os vários encontros ou as centenas de catequistas alcançados o importante é realçar que cada testemunho foi único, cada despertar de consciência de que devemos e podemos sempre recomeçar foi uma nova semente em prol de uma nova união entre Catequistas.

Cada uma das suas histórias e momentos ficam gravados em mim, com o desejo de que, nas comunidades que me vou cruzando germine a alegria e o entusiasmo por esta Missão. Mas sim, foram dezenas de encontros e centenas de Catequistas alcançados, também para além da minha Diocese, do Porto.

EDUCRIS: Olhando hoje para a realidade catequética continua a fazer sentido um projeto como este? Das formações que já realizaste o que sentes ser mas mais necessário para estes agentes de pastoral?

Carlos Novais: Mais do que nunca, sinto que faz muito sentido!  A catequese está a passar por um momento de transição, de renovação e isso exige Catequistas bem formados, motivados e conscientes da sua Missão.  O que vou constatando em quase todos os encontros é que a maior parte dos Catequistas não carece apenas de conteúdos teológicos ou metodológicos. 

Hoje, sente-se muito a falta de motivação, de sentido de pertença e comunidade, vivência espiritual profunda. 

EDUCRIS: Como é que uma comunidade, um grupo de Catequistas que não seja unido e trabalhe em conjunto pode contagiar? 

Carlos Novais: É fundamental fazê-los sentir que não estão sozinhos, que fazem parte de um corpo maior e que a sua Missão tem um impacto real na vida de quem os rodeia. Além disso, noto que há uma necessidade urgente de trabalhar a figura do Catequista como testemunho vivo. Não basta apenas “fazer catequese”, é preciso viver em comunidade aquilo que se transmite, ser autêntico e próximo, criar laços e transformar a Catequese numa experiência envolvente de, e para: “Todos, todos, todos!”, como diz o nosso Papa Francisco.

EDUCRIS: Como reagem os participantes às propostas que lhes apresentas?

Carlos Novais: A reação tem sido muito positiva, mas também, de alguma “surpresa”.  Os Catequistas que participam nos encontros encontram um espaço onde se sentem à vontade para partilhar dificuldades, histórias, vivências, esclarecer dúvidas e, sobretudo, redescobrir a alegria da Missão. 

Muitos chegam desmotivados, cansados, questionando se ainda faz sentido continuar… aqui entra o meu sonho, conseguir que cada Catequista saia do encontro um pouco mais renovado, com um novo olhar sobre a sua Missão. 

O que mais me impressiona é o impacto da dimensão prática do projeto, os Catequistas sentem muito a necessidade de serem escutados, de refletir e de olhar para si mesmos, sobre a forma como vivem a fé e a Catequese. 

O meu objetivo é que se tornem muito mais confiantes, mais unidos e com um sentido de Missão reforçado. Criar encontro, gerar comunidade, inspirar e transformar é para mim a maior recompensa.

EDUCRIS: Quais as próximas datas?

Carlos Novais: No próximo dia 7 de Fevereiro estarei nas “Jornadas Formativas da Catequese”, em S. Miguel, nos Açores, com o tema deste ano “Catequista, quem és tu?”.

 

Saiba mais sobre o projeto Fédedigno – www.fededigno.pt

Educris|06.02.2025

 

 



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