Igreja: «Quando fiz a minha primeira comunhão chorei de emoção», Rui Ferreira

Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência partilha testemunhos de cristãos que são casos de sucesso de integração nas comunidades paroquiais

Chama-se Rui Manuel Pardal Ferreira, é casado, tem dois filhos e duas netas, é surdo.

Num testemunho de cerca de nove minutos, gravado para o Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência, em parceria com o Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC), Rui conta a sua experiência de integração e caminho de fé em Igreja.

“Fui batizado em pequeno, mas andei à deriva. Hoje vou à missa na Igreja de Nossa Senhora Porta do Céu em Telheiras e lá contamos com a interpretação em Língua Gestual Portuguesa (LGP), que nos ajuda a perceber e nos motiva à participação”, explica.

Com vários obstáculos ao longo do percurso, Rui recorda “os meus quarenta anos de profunda escuridão” e lembra como “a ida regular à Igreja” o fez sentir-se melhor.

“Aos meus 40 anos não me sentia bem comigo próprio, algo escuro dentro de mim e uma grande confusão. Quando comecei a frequentar a igreja rezava muito e a sentir-me melhor”, revela.

A reaproximação à Igreja fez-se pelo “desejo de receber a eucaristia”, muita perseverança, e uma série de contactos gerados por uma das filhas.

“Ia à Igreja, o padre conhecia-me mas eu não tinha a primeira comunhão. Nessa altura a minha filha tentou falar com uma colega da Universidade que toca viola na missa numa igreja no Cartaxo, perto de Pontével, que por sua vez comunicou ao Padre a minha situação. O Padre aceitou e convidou-me a ir à sua igreja onde conversámos e confessei os meus imensos pecados, orei e prometi fazer a peregrinação até Fátima”, desenvolve.

Nessa igreja, no Cartaxo, haveria de fazer “a Primeira Comunhão” num momento “em que chorei muito emocionado”.

Hoje Rui Pardal Ferreira está integrado em Telheiras, uma paróquia do Patriarcado de Lisboa e frequenta a catequese.

“Desde há dois anos frequento, com a minha mulher, a Catequese de Adultos Surdos na Paróquia de Telheiras em LGP com a catequista Ana Cristina Marques. A minha mulher também participa nessa catequese que nos ajuda a compreender claramente as palavras de Deus em conjunto com o grupo que temos na catequese”, concretiza.

Rui faz parte do Deaf Catholics of Europe (DCE), um grupo com aprovação do Vaticano, e onde debate “temas bíblicos”,

No final do seu testemunho Rui Pardal Ferreira recorda o trabalho como voluntário nas Jornadas Mundiais da Juventude, Lisboa 2023.

“Participei como voluntário na JMJ 2023 e foi positivo conhecer surdos católicos do mundo e sobretudo um padre surdo americano. Também foi gratificante ver a missa de abertura no Parque Eduardo VII e no Parque Tejo com a interpretação em LGP e Gesto Internacional”, completa.

Recentemente o Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência (SPPD), em parceria com o SNEC, lançou o manual digital «Estamos Todos?», um recurso para catequistas e animadores, que quer “facilitar a integração, o acolhimento e a participação ativa das crianças e jovens com dificuldades físicas ou intelectuais nas atividades da Igreja”, como explica Carmo Diniz, a responsável por este organismo na Igreja Católica.

“Escrito a várias mãos” o recurso foi inspirado na “experiência que se ganhou a este nível durante a JMJ Lisboa”, e “aplica-se a todos os grupos e níveis de catequese”, revela a responsável.

O manual e o testemunho de Rui Pardal Ferreira esteve em destaque na reunião de responsáveis diocesanos da Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), que decorreu em Fátima.

Educris|28.01.2025



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