«A sinodalidade implica uma conversação no Espírito», Padre Eduardo Duque
Membro da Equipa Sinodal da Conferência Episcopal Portuguesa apresentou o documento final do último Sínodo
O padre Eduardo Duque, presbítero da Arquidiocese de Braga, afirmou aos responsáveis da catequese em Portugal que “a sinodalidade só será efetiva se praticarmos uma conversação no Espírito”.
“É bom estabelecermos o diálogo, mas este não é suficiente por que apenas nos permite esgrimir argumentos uns com os outros. Precisamos de gerar conversação no Espírito”.
Para o sociólogo esta “conversação no Espírito” implica a capacidade de “discernir em conjunto” as diferentes realidades e necessidades da Igreja em Igreja.
“Discernir é ver a realidade a dois. Nós e o Espírito Santo, conscientes de que é o Espírito Santo que nos permite trazer a Palavra de Deus ao hoje da nossa vida. É o Espírito Santo que nos permite encarnar a Palavra de Deus”, afirmou.
Na apresentação do documento final do último Sínodo o membro da equipa sinodal da CEP aconselhou “cinco leituras do mesmo” para se “gerar familiaridade”.
“Sinto hoje que a nossa Igreja está a ser renovada. Vemos uma Igreja cada vez mais magra nos números, mas os que vão ser verdadeiramente cristãos vão ‘incendiar o mundo’”, afirmou.
Aos responsáveis diocesanos da catequese o padre Eduardo Duque insistiu na “necessidade da formação dos agentes” e na “preparação atempada das propostas”.
“Hoje não é possível cativar os mais novos se não houver sensibilidade, dimensão estética, e preparamos bem cada proposta que queremos apresentar e desenvolver. Se não o fizermos bem, se for tudo à pressa e sem preparação, não seremos testemunhas da Luz, que é Jesus. Estamos a perder tempo, não cativamos aqueles que nos foram enviados”, advertiu.
Lembrando que a Igreja é uma comunidade que se expande “na diversidade”, o sociólogo afirmou ser necessário “quem pense de maneira diferente, quem tenha opiniões diferentes e se coloque dentro da Igreja” para que a mudança possa acontecer.
“O documento exige o envolver de todos. Os leigos têm de estar na linha da frente deste modo de estar e ser Igreja”, desenvolveu.
10 propostas para uma conversão sinodal da Catequese
Na parte final da sua apresentação o padre Eduardo Duque apresentou “10 propostas para a catequese”, com clara tónica para a “formação, formação, formação dos agentes”.
“Precisamos de formação sinodal contínua para catequistas. Com workshops práticos, retiros, momentos de estudo bíblico e teológico e utilização da conversação do Espírito Santo”.
A par da formação o especialista considera ser necessário gerar “espaços de escuta na Catequese” que permitam “ouvir todas as vozes. A dos catequizandos, dos pais, da comunidade cristã com uma atenção às crianças e jovens com necessidades especiais”.
Duas outras propostas passam pela criação de “equipas de catequese participativas” onde as pessoas possam “gerar espaços diálogo, transparência e corresponsabilidade” e se promovam “a valorização dos carismas e talentos” entre todos os intervenientes”.
Outro dos pontos apresentados aprofunda a relação entre “catequese e liturgia sinodal”. Aqui o padre Eduardo Duque disse ser necessário “criar momentos de reflexão em conjunto com os catequizandos” para a “preparação da liturgia”.
Numa lógica “aberta e central do processo catequético na integração na comunidade”, o sociólogo pediu o desenvolvimento de “programas de acompanhamento para os jovens catequizandos”, suportados por “grupos de apoio para as famílias” e iniciativas que os “capacitem como líderes comunitários”.
“Os jovens estão hoje sedentos de formação e são de causas. A catequese deve incluir no seu ‘currículo’ o compromisso social e ambiental procurando atividades que promovama consciência da justiça e da solidariedade” e isto “faz-se pela realização de projetos de apoio aos mais pobres e às comunidades das margens”, indicou.
Por fim o padre Eduardo Duque apelou à “avaliação e melhoria continua em catequese”, através de “relatórios transparentes e encontros de partilha entre os catequizandos e a comunidade”, no investimento e criação de “conteúdos digitais de qualidade, para expandir a missão da catequese online” e na “prevenção de abusos e transparência na catequese”, completou.