JNC24: «A vida cristã é um processo que implica decisão e um sim que se renova», padre Mário Sousa

Biblista destacou a importância da receção dos sinais de Deus na vida do crente e propôs “escrutínios” ao longo da caminhada crente

O padre Mário Sousa disse hoje aos catequistas que os “escrutínios” deveriam estar mais presentes nas etapas do Itinerário e na vida dos fiéis em comunidade.

“Penso que devemos estender os escrutínios, as chamadas revisões de vida, em que a graça de Deus é invocada pelo que revê a vida, para que lhe dê força e coragem para continuar a tomar e a renovar esse sim, como na vida de amigos ou do casal”, explicou.

À margem da conferência «Os sinais salvíficos da fé: o encontro com Cristo, na comunidade e pela comunidade», o biblista do Algarve lembrou que “os sinais são sempre gestos que remetem para outra dimensão” e sustentou que “se não forem entendidos pelos que os recebem não há comunicação salvífica”.

“Os sinais de Jesus nunca são para dar espetáculo ou meramente estéticos. São sempre transportadores de uma outra realidade ou desafio existencial”.

“Para podermos perceber estes gestos de Jesus, e hoje na Igreja é preciso percebê-los. De outro modo eles mantêm o mesmo conteúdo teológico e espiritual, mas não acontece o processo da vida divina”, apontou.

Num tempo de ‘zapping’ constante o padre Mário pediu aos catequistas particular atenção “à comunicação entre emissor e recetor” para que a transmissão da fé seja real.

“Este é um problema que a Igreja tem verdadeiramente de enfrentar. A Igreja tem razão de ser se evangeliza. Se a comunicação não permite que isto aconteça então a Igreja não está a cumprir a missão para a qual o Senhor a chamou e para a qual a convoca constantemente”, alertou.

Para o sacerdote é necessário “encontrar uma linguagem de comunhão entre quem propõe e quem recebe” pois, de outro modo, “se a pessoa não entender não percebe a presença de Deus e o que Deus lhe pede”.

Recusando a ideia de que “uma vez convertido para sempre convertido”, o também coordenador da comissão de tradução da Bíblia da Conferência Episcopal Portuguesa, usou a imagem “de dois amigos ou de um casal” para explicar que “a nossa relação com Deus também tem altos e baixos”.

“A vida cristã é um processo. Temos ideia de que a conversão acontece num momento e a vida fica para sempre transformada. Sim, existe um primeiro momento de manifestação de Deus, que eu permito que aconteça em mim como manifestação e me leva a uma decisão. Esta decisão, se não acontecer, podemos celebrar todos os domingos a eucaristia, podemos ter os gestos, a força salvífica está lá, mas não é recebida”, completou.

Imagem: Ricardo Perna

Educris|19.10.2024 



Newsletter Educris

Receba as nossas novidades