«Os novos recursos apontam a um novo perfil do catequista», padre Rui Alberto

Responsável pela equipa de elaboração dos novos recursos para a catequese apelou a um novo perfil para o catequista numa catequese em mudança

O padre Rui Alberto afirmou ontem que o «Itinerário de iniciação à vida cristã das crianças e dos adolescentes com as famílias», e os novos recursos para a catequese exigem o surgimento de um “novo perfil de catequista”.

“Precisamos de um catequista novo. Não de alguém perfeito, mas com algumas características, ainda que embrionárias, que podem ser trabalhadas e treinadas”, sustentou.

No webinar que apresentou o novo recurso «Raízes» o primeiro do Tempo do «Discipulado Missionário», o sacerdote elencou algumas características fundamentais ao ser catequista, hoje.

“Hoje precisamos de alguém que seja um bom comunicador e isto treina-se. Um bom gestor de relações interpessoais. Os adolescentes sentem-se muito abandonados e o trabalhar em grupo leva a gerar comunidade. Um catequista que encoraja, que dá animo, não apenas de um professor. Um teólogo, que faz pontes, que liga a tradição e a vida concreta de cada miúdo”, desenvolveu.

Numa iniciativa que contou com a participação de mais de duas centenas de catequistas de vários pontos do país e de dioceses fora de Portugal, o padre Rui Alberto começou por esclarecer o que se pretende com este quarto Tempo proposto pelo «Itinerário de iniciação à vida cristã das crianças e dos adolescentes com as famílias».

“Discipulado Missionário e uma expressão retirada da Evangelii Gaudium onde o Papa nos recorda que nós os crentes somos discípulos e não nos inventemos a nós próprios. Somos discípulos de Jesus, e ao mesmo tempo, somos missionários, partilhando com outros a experiência feliz da fé”, sustentou.

Para o sacerdote esta etapa do desenvolvimento, que vai dos 14 aos 18 anos, é momento “fundamental da reconfiguração da identidade, e um tempo de grandes escolhas”.

“Hoje o adolescente desta fase tem algumas características particulares que trazem desafios ao ‘fazer catequese’. Desde logo estamos em momento de passagem do egocentrismo à relação, de um corpo que muda e da explosão dos afetos, de um novo pensar, que leva a uma certa ansiedade e depressão em alguns casos e este é um tempo marcado pela difícil construção da identidade”, disse.

Deste modo é fundamental oferecer “a fé como uma ajuda à construção da identidade, enraizada em Jesus e dentro da comunidade cristã”.

“Pretende-se que seja um tempo de reconhecimento do protagonismo dos jovens e de valorização da sua corresponsabilidade no processo de catequese”.

Para isso é preciso “ter atenção às linguagens juvenis e insistir-se na vida de grupo com um acompanhamento personalizado”.

O novo «Raízes» (DM1) apresenta-se com uma nova abordagem, em termos gráficos, e está organizado em 5 grandes catequeses.

“Em cada catequese estão previstos quatro encontros mais o encontro inicial. Os temas vão desde a ‘amizade’, passando pelo ‘Amor, Felicidade, Liberdade e Fé’”, explicitou.

No percurso está ainda previsto um “encontro celebrativo”, que pode ser com mais tempo para “arrancar em grande”, e em cada catequese o encontro é guiado por um verbo que convoca à ação.

“Escuta, observa, reza e vive. Com o ‘escuta’ queremos fazer isso mesmo. Uma atitude de pensar o tema a partir da Palavra; no ‘Observa’ procuramos olhar a realidade à volta e a nossa de adolescentes; no terceiro, ‘reza’, queremos fazer sempre um encontro dedicado à oração, com a introdução de maneiras diferentes de orar – novas e mais tradicionais; por fim no ‘Vive’ queremos levar à vida tudo o que foi vivido”, completou.

Num trabalho que resulta de uma parceria inédita entre o Secretariado Nacional da Educação Cristã e a Salesianos Editora, os novos “materiais catequéticos” assumem o nome de “Emaús” e apresentam, como “opções educativas” a pedagogia do “aprender fazendo” e do “aprender juntos”.

Estão já editados os recursos «Viver os Sacramentos», para uso no 3 ano do Tempo de «Aprofundamento Mistagógico», correspondente ao antigo 7º ano, assim como o «Raízes», para uso no 1º ano do Discipulado Missionário (DM1), correspondente ao antigo 9º ano.

Em breve ficará disponível o «Viver em Cristo», o quarto recurso do «Aprofundamento Mistagógico» (AM4) para uso nas catequeses do antigo 8º ano.

Educris|24.09.2024



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