«O pluralismo social requer escuta, disponibilidade e descoberta», Alfredo Teixeira

Antropólogo apresentou os “novos lugares sociais” que desafiam a Igreja a uma nova postura e ação

Alfredo Teixeira disse hoje aos catequistas que a catequese não vai chegar “aos novos lugares da sociedade” se insistir “nas mesmas fórmulas e na mesma ação”.

“Se a catequese, em todos os seus processos e ação, insistir na aplicação de antigas fórmulas de atuação, não chegará a tocar a complexidade da sociedade atual que se autonomizou e gerou novos lugares de interlocução”.

Na conferência «A Catequese em situação de pluralismos e de complexidades» o investigador destacou o esforço do Diretório para a Catequese que “reconhece a necessidade de um novo olhar da Igreja para a realidade”.

“Um dos aspetos interessantes do Diretório prende-se com este esforço de alertar para os diferentes contextos sociais, numa realidade poliédrica, e que desafia a ler os contextos a partir do lugar do outro”.

Alfredo Teixeira considera que o novo Diretório para setor da catequese se inspira “na Gaudium et Spes e no Documento de Aparecida”, trazendo de volta a ideia de uma Igreja preocupada em estar com o outro, em ir ao lugar do outro, para aí construir a sua ação”.

 “É uma Igreja empática, que está com o outro, e só aí pode ter um discurso crítico, transformador da realidade e não uma postura de poder, tal como assistimos noutros momentos históricos”, referiu.

Ao olhar para o termo “poliedro”, escolhido pelo documento do Vaticano para explicar “a complexidade da realidade”, o professor da Universidade Católica Portuguesa, considera que se trata de “uma tomada de consciência de que não se pode dar uma resposta única para uma realidade tão complexa”.

“Isto obriga a que não possamos continuar a usar os mesmos processos catequéticos de outrora. Quando se dá esta enorme importância ao reconhecimento das realidades que descrevem a complexidade, há, claramente o desejo de assumir que a proposta catequética tem de chegar a esses lugares, e que não chegará se se continuar a fazer o que sempre se fez porque estes são novos lugares de interlocução”.

O investigador considera que é necessário que a Igreja, e a catequese em particular, assuma uma “posição de escuta e descoberta destes lugares desconhecidos” para que possa “encontrar a linguagem e a interlocução adequada assumindo um novo processo de catequese”.

“Numa sociedade que se relaciona com as instituições como prestadoras de serviços, nas quais satisfaz certas necessidades mas, no geral, permanece do lado de fora, é necessário que a Igreja invista nestes encontros como verdadeiras oportunidades para integrar e agregar. Isso obriga a muita imaginação e disponibilidade por parte dos crentes”, concluiu.

Educris|22.10.2022



Recursos:
A catequese diante dos cenários culturais contemporâneos (PDF):Download Documento


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