«Os catequistas devem ser provocadores», padre Francisco Romero

Sacerdote espanhol apelou à “mudança de paradigma” no ato catequético e pediu aos catequistas que “se encham de Deus” para o poder anunciar aos outros

O Padre Francisco Romero afirmou hoje que os catequistas devem ser provocadores perante aqueles que desejam respostas.

“Os catequistas têm hoje de ser provocadores. Mais do que transmitir muitas coisas devemos estar atentos aos que se abeiram da Igreja para não corrermos o risco de dar respostas a perguntas que não se fazem. Trata-se, sim, de provocar a dúvida, de inquietar, despertar o interesse, e ter em atenção aquilo que se passa na vida de cada um, procurando perceber o que se busca. Só quem busca encontra e quem busca a Deus encontra-o”.

Em Fátima, e no primeiro dia das Jornadas Nacionais dos Catequistas, o secretário da Comissão evangelização, catequese e catecumenado, de Espanha, pediu uma “reconversão” da própria formação destes agentes de pastoral.

“Não podemos continuar a dar aos catequistas apenas uma formação intelectual. Temos de mudar o paradigma. Precisamos de uma formação que abarque a cabeça, o coração e a vontade. Trata-se de ter uma vida de fé profunda para que a possam transmitir a outros. O catequista tem de encher-se para depois dar”, apelou.

Em declarações aos jornalistas, à margem da conferência «A Catequese na missão evangelizadora da Igreja», que apresentou às seis centenas de catequistas, de todo o país, presentes m Fátima, o responsável lembrou que “ser catequista é, antes de mais, deixar-se envolver por Cristo e conduzir outros a esse abraço”.

“Trata-se de fazer com que o Amor de Deus, a misericórdia, possa chegar a todas as pessoas. Esta é a tarefa e a missão da catequese. Trata-se de dar a Cristo para as chagas, as interrogações e o sentido de cada um, muito mais do que transmitir muitos conteúdos”.

Perante um novo Diretório para a Catequese, editado em plena pandemia Covid-19, o padre Francisco Romero lamenta que, “durante demasiado tempo”, se tenha mantido “um pressuposto de que todos vem até nós com fé”.

“Durante muitos anos a sociedade parecia viver o paradigma cristão. Ficámos com a ideia d que todos eram crentes e que à catequese bastava completar isso com um conjunto de fundamentos. Hoje, pelo contrário, o paradigma mudou e a catequese deve começar este processo de ajudar a despertar a fé, o interesse por Deus e pelo evangelho, para que esse interesse permita dar o salto da fé. Que se suscite este desejo de Deus a partir das perguntas que nascem da vida de cada um”, apontou.

Aos catequistas o responsável desafiou a “conhecer o Diretório para que se tornem realidade as várias dimensões da catequese que aí estão presentes e que importa fazer realidade na vida da Igreja”.

“Que possamos conhecer as ‘tripas’ do diretório porque isso tornará mais fecunda a missão dos catequistas”.

Os catequistas portugueses, estão reunidos em Fátima, até este Domingo, a refletir sobre o Diretório para a Catequese, editado pelo Vaticano em 2020, e que se constitui como  documento orientador para o setor.

Educris|22.10.2022 



Newsletter Educris

Receba as nossas novidades