Quaresma: Comissão Nacional Justiça e Paz denuncia «atração pelo abismo bélico»

Organismo da Igreja Católica apela ao «investimento na cooperação e na solidariedade»

A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) denuncia aquilo que considera ser um “farisaísmo genérico” que privilegia “a lei e os protocolos em vez da pessoa”.

“Vivemos o cinismo do abandono dos mais velhos e de quem não é produtivo; vivemos a solidão das crianças na sua autorreferencialidade, dos adolescentes e dos jovens que não veem perspetivas de futuro, sem experimentarem a felicidade de uma relação de reciprocidade fora dos ecrãs em que vivem agarrados; vivemos um desnorte com uma educação ilusória onde a aprendizagem se crê isenta de dificuldades e necessidade de esforço”.

Na “Reflexão sobre a Quaresma”, que acaba de fazer chegar às redações, a CNJP lamenta, ainda, as ações “contra migrantes separados das suas famílias e sujeitos a condições miseráveis”, ou a indiferença latente perante “o tráfico humano de mulheres para a prostituição e de crianças vendidas para pedintes”.

Num momento em que se afirma “de coração apertado” pela situação experimentada há quase um mês pelo Papa Francisco, a CNJP volta a lembrar que “caminhar juntos na esperança” não pode significar “um amontoado,” mas “a presença fraterna de uma «caminhada com» e nunca solitária, por mais autossuficientes que nos consideremos”.

Num momento em que as relações internacionais se fragilizam os responsáveis católicos criticam a “atração pelo abismo bélico” e pedem a todos para não “baixar os braços”.

“A mudança só é possível através da criação de redes de proximidade e de uma paz que recusa a ambição económica sem escrúpulos. De uma paz que se constrói com investimento na cooperação e na solidariedade”, advertem.

Citando a mensagem para a Quaresma do Papa Francisco, a CNPJ expressa do desejo que “as nossas casas, as paróquias, os movimentos, os nossos locais de trabalho e lazer sejam lugares de proximidade sem fazer aceção de pessoas (nacionais ou migrantes; ricos ou pobres; sãos ou doentes), e que o toque das nossas mãos seja o de Jesus”.

“Será este o antídoto para vencermos as barreiras e o mal contagioso do individualismo”, desenvolve a mensagem.

No final os responsáveis católicos apontam a Quaresma como “o tempo privilegiado para reavaliarmos a nossa vida à luz do Evangelho” que “requer também uma atitude de humildade e reconhecimento de nossas próprias fraquezas e pecados”.

“Apesar de um céu cinzento, podemos almejar um arco-íris de paz, de solidariedade e fraternidade. Arrisquemos a proximidade como caminho de esperança”, completam.

Educris|10.03.2025



Newsletter Educris

Receba as nossas novidades