Igreja: «Discernir, sem competência, leva ao pensamento fechado», afirma o cónego Luís Miguel Figueiredo Rodrigues
Vice-diretor da Faculdade de Teologia participou em congresso internacional de Teologia, em Roma
O cónego Luís Miguel Figueiredo Rodrigues considera que a Igreja deve aplicar o documento final do Sínodo sobre a questão da sinodalidade mas alerta para a necessidade da formação dos cristãos na atualidade.
“Precisamos, antes de mais, de perceber que na sinodalidade, o discernimento sem competência dá origem a pensamento fechado. E este, sabemo-lo historicamente, só traz consigo a infidelidade à nossa missão como Igreja”.
No final da participação no Congresso «Memória e Imaginação», que reuniu em Roma centenas de especialistas na área da teologia para refletir sobre “o lugar e o papel da teologia nas sociedades”, o responsável lembrou as palavras do Papa Francisco que pediu aos especialistas uma “teologia que se abra e dialogue com outras áreas do saber” para ajudar a “eliminar a ideologia da simplificação do pensamento”.
“Hoje, para sermos fiéis à nossa missão precisamos de estar atentos às novas linguagens. O Papa desafiou-nos a dialogar não apenas com a filosofia, mas com a arte, o cinema e as ciências”, desenvolve.
Num mundo diverso e onde a especialização leva, não poucas vezes, à dificuldade de análise da complexidade social e humana, o Vice-diretor da Faculdade de Teologia considera que é fundamental “desenvolver nos currículos o pensamento crítico” e isso implica “reorganizar currículos, espaços, horário e ofertas”.
“O Papa pediu uma teologia que esteja aberta a receber mais mulheres, que possa chegar a novos ‘públicos’ e isso desafia-nos à mudança de paradigma. Desde logo não podemos ter apenas os candidatos ao ministério, mas todo o povo de Deus e isso traz ainda mais desafios”.
O responsável sustenta que a própria Igreja precisa de fazer “caminho para encontrar um lugar para a Teologia no seu seio” de modo a tornar-se “atrativa” no contexto atual.
“Hoje a teologia encontra o seu lugar na sociedade por duas vias. Uma, talvez mais utilitarista, é aquela que permite perceber as religiões e conviver com essa realidade para evitar extremismos. Por outro lado, e num mundo global, a teologia contribui para a paz pois traz à praça pública um discurso que contribui para uma humanidade mais humanizada”, completa.
O Congresso Internacional de Teologia foi promovido pelo Dicastério para a Cultura e Educação, com o tema “Memóriae imaginação”, decorreu em Roma, nos dias 9 e 10 de dezembro.
A Universidade Católica Portuguesa esteve representada pelo Vice-Reitor José Manuel Pereira de Almeida e pelos professores da Faculdade de Teologia, João Duque, Luís Miguel Rodrigues, Alex Villas Boas e Teresa Bartolomei, convidada do congresso que também fez parte do Comité Científico.