CEP/Bíblia: Comissão divulga nova tradução do livro de Ester
Texto acolhe o nome “da sua heroína” num “drama histórico que se desenrola na corte do império persa”
A Comissão que coordena a tradução da Bíblia da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) acaba de disponibilizar a versão revista do novo texto provisório do livro de Ester.
“Este livro recebeu o nome da sua heroína, a rainha Ester, nome que em grego significa estrela. A obra apresenta-se sob a forma de um drama histórico, que se desenrola na corte do império persa”, explicam os tradutores em nota enviada ao EDUCRIS.
«Ester» é um dos três livros bíblicos do Antigo Testamento com nome de mulher e apresenta “cinco personagens” que representam “o povo justo (Mardoqueu e Ester), o povo ímpio (Vasti e Haman) e as vicissitudes da história (o rei Assuero) que ditam o Purim, isto é, sortes ou o desenlace final dos acontecimentos”, desenvolve a missiva.
Partindo de uma “situação desesperada, em que a rainha Vasti foi objeto de degradação, por ter desobedecido a uma ordem do rei, e de uma sentença de extermínio emitida contra o povo de Israel pelo rei Assuero, instigado pelo iníquo Haman”, a trama acolhe uma “reviravolta imprevisível a favor dos que fazem o bem: a nomeação de Ester como rainha, a exaltação de Mardoqueu e a salvação do povo de Israel, confirmada com o extermínio dos seus adversários”.
“Não se trata propriamente de uma narrativa histórica. É uma narrativa ficcional de ambientação histórica”, precisam os tradutores.
Recordando que “historicamente o relato se situa entre 538 e 333 a.C”, mas o “contexto de perseguição e a apresentação da cultura estrangeira como uma ameaça correspondem mais provavelmente às condições da época macabaica (séc. II a.C.)”, os responsáveis pela tradução lembram que existem duas traduções desta história.
“A versão hebraica, é mais breve e parece colocar a ênfase principalmente no aspeto moral; a versão grega, por seu lado, tem um enfoque mais explicitamente teológico, acentuado pela inserção de orações e é, por conseguinte, mais longa”.
Para os responsáveis a inclusão do texto nas Escrituras Judaicas terá servido para “legitimar, canonizar e nacionalizar em Israel a festa de Purim, que não aparece na lista de festas de Ex 34,18-27. De origem agrícola e pagã, esta festa era celebrada na diáspora a meados de março, na iminência da primavera”, completam.
A tradução provisória deste e de outros textos bíblicos está disponível para download no site da Conferência Episcopal Portuguesa.
As achegas e comentários devem ser enviados através do endereço eletrónico [email protected].
A CEP apresentou, em março de 2019, o primeiro volume da nova tradução da Bíblia em português, com «Os Quatro Evangelhos e os Salmos». Num trabalho iniciado em 2012, e que conta com a participação de 34 investigadores, a tradução realiza-se a partir das línguas originais, e pretende dotar a Igreja em Portugal de um texto, a “partir das línguas originais, para uso na liturgia, na catequese e nas demais atividades da Igreja”.