Os testemunhos de vida falam sempre mais alto. Rodrigo Guerra, membro da comissão Justiça e Paz (Pontifícia Academia da Vida) veio falar-nos das “Feridas da Sociedade”
Todas as coisas que fazem sofrer o mundo, fazem sofrer Jesus! O olhar fundamental é o olhar que cura… se tenho a certeza que Jesus me olha, sei que me cura e acompanha em cada momento. A leitura das feridas não pode ser apenas sociológica porque cristão tem sempre algo mais… detetar no meio das feridas os sinais que Deus usa para nos acompanhar, nos curar e para curar o mundo… relatou ainda dizendo que de todas as circunstâncias, especialmente as mais difíceis, temos de dar testemunho da Fé.
No mundo hodierno existem muitas feridas sociais e políticas. Na Fratelli Tutti, o Papa Francisco analisa de forma completa a complexa realidade do mundo contemporâneo a nível social. Partindo da questão local e das tensões que existem na América Latina concluiu que muitas delas nascem justamente das diferenças sociais que já se manifestam. O cuidado com a casa comum e outros temas do meio ambiente, tudo se conecta ao desenvolvimento, assim como As migrações que são um verdadeiro sinal dos tempos que marca a história de hoje. Referindo-se ao Papa referiu que a doença que está a comer as democracias de todo o mundo é o populismo (esquerda e direita). Os populismos não se combatem com outros populismos… corrigem-se quando entendemos que a democracia não se basta a si mesma. O pecado sempre pode ser perdoado se houver arrependimento, mas a corrupção é algo mais por isso devemos ser fiéis às exigências da verdade. Transformando o mundo segundo Cristo… As coisas que transformam o coração são as que realmente transformam o mundo…
Pabel Muñoz, Presidente da Câmara do Quito veio testemunhar as “Feridas das nossas cidades” A ferida da Infância e da fome, dos 700 milhões de pessoas pobres. Durante pandemia perderam-se 3 anos da erradicação da pobreza… o desenvolvimento sustentável está cada vez mais longe. A realidade das migrações apresenta-nos muitas vezes irmãos nossos que foram expulsos pelos próprios países, pessoas sobrantes que o sistema gerou… O consumismo é outra doença de 33% de adultos padece. Também aqui na América Latina conhecemos o território mais desigual do mundo com a exploração laboral, a insegurança e tantos atentados à vida.
As guerras: turco/sírio; russia/ucrania; palestina/israel, o cuidado com a criação (a terra é hoje mais quente do que era antes); o drama da água (2 mil milhões de pessoas não têm acesso a agua potável); as fakenews e os radicalismos fazem com que padeçamos com o o que nos é dado todos os dias. A política deve ser uma luta de ideias, não de pessoas, não são inimigos , são adversários. Proliferam discursos de ódio… aectores, sociais, políticos e económicos que apenas serão vencidos pela fraternidade num mundo onde “todos somos irmãos”.
“Guerra” Impressionante foi o testemunho de D. Hryhoriy Komar (Ucrânia) e as partilhas fortes que nos recordam a fragilidade da vida e da morte diante do drama da guerra. - Como se pode acreditar num Deus Amante se não se vê a Sua presença? Com o coração inflamado pediu a todos: quando acabar a guerra visitem a Ucrânia!
“Feridas nas migrações” Leyden Rovelo omeçou por reconhecer que existe uma autoridade legítima aos países para regular as suas fronteiras. Quando se fala de migrações devemos falar também de traumas: trauma pré migratório; viagem e trânsito; trauma pós migratório e estabelecimento e integração. Quantas vezes se choram as mortes no caminho da migração… muitos ficam sepultados a caminhos quando fogem… Contemplamos realmente o “Mistério de Deus” numa época de migrações. “Só o amor do Pai permite ao Filho Pródigo viajar de regresso a casa” - Hans Urs Von Balthasar
Padre Pedro Manuel Delegado Diocesano ao Congresso Eucarístico Internacional/Quito