França: Aumenta o número de Igrejas vandalizadas

Estátuas destruídas, imagens decapitadas, um “autêntico sacrilégio”, lamentam os cristãos franceses

A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) informa que “os atos de violência e vandalização de Igrejas” tem vindo a aumentar no território francês.

“Têm sido vários os incidentes em Igrejas católicas em França nas últimas semanas. Só na região de Paris foram registados, desde meados de fevereiro, diversos atos de vandalização nas Igrejas de Santo Eustáquio, de São Martinho de Orly, de Nossa Senhora do Loreto, de Santo Agostinho, São Francisco de Xavier e São Vicente. Em Choisy-Le-Roi, por exemplo, uma estátua da Virgem Maria foi decapitada”, denuncia a organização católica.

Num comunicado, enviado hoje ao EDUCRIS, a fundação pontifica dá conta de “várias estátuas foram destruídas e algumas imagens, nomeadamente de Nossa Senhora, foram mesmo decapitadas”, no passado dia 12 de abril, na Igreja de Santa Madalena, em Angers.

D. Emmanuel Delmas, bispo de Angers, já veio a público manifestar o seu repúdio por este ataque, pela destruição causada no templo católico, dizendo estar “assustado diante de tamanha violência”. “É indescritível, é um sacrilégio…”.

Também o autarca local, o ministro do Interior e a responsável pela pasta da Cultura já condenaram o ataque, estando já aberta uma investigação. Dias antes, também a Igreja de São Pedro de Trélazé havia sido roubada e profanada.

Câmaras de vigilância em Igrejas

O aumento do número de ataques a igrejas levou mesmo a que um grupo de autarcas tenha apresentado à edilidade da capital francesa algumas propostas para a proteção dos edifícios religiosos não só pela polícia municipal, mas também pela polícia nacional. Uma das ideias passa, por exemplo, pela utilização de câmaras de vigilância nas igrejas.

Segundo dados do Ministério do Interior foram cometidos 1.659 actos antirreligiosos em França em 2021, incluindo 857 actos anticristãos.

O aumento da violência contra símbolos do religioso cristão gera um sentimento de insegurança que levou, inclusivamente, duas religiosas beneditinas a deixar a paróquia da Santa Cruz, no bairro de Bouffay, na cidade de Nantes, rumo a uma zona mais do interior do país.

As irmãs Marie-Anne e Agathe, da Fraternidade Beneditina apostólica, justificaram esta decisão num texto publicado nas redes sociais, a que a fundação AIS teve acesso.

“Quando estamos na Igreja da Santa Cruz, estamos sempre em alerta, sempre prontos a reagir ao desrespeito pelo lugar, pelo povo ou pela celebração que ali se realiza”, explicam as religiosas.

“Este estado de alerta constante impede-nos de viver a oração tal como é vivida na nossa vocação beneditina. Não somos ‘Franciscanos do Bronx’ e não temos vocação para ser guardas de segurança, mesmo que tenhamos tido algumas lições de autodefesa”, acrescentam.

As duas irmãs beneditinas afirmam ainda que procuraram contribuir, ao longo do tempo, para a resolução deste tipo de problemas, nomeadamente ao nível da autarquia e com as autoridades policiais.

“É por termos ‘experimentado tudo’ que podemos dizer que não podemos fazer ‘mais’, dizem ainda, explicando que decidiram assim regressar à região de Champagne “para estar mais perto da nossa fonte: o mosteiro das nossas irmãs, os beneditinos de Saint-Thierry”.

A própria Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, no seu relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, dá conta de um “crescente anti-semitismo e a elevada incidência de actos anti-cristãos nos últimos dois anos são sinais de que a tolerância da sociedade está a deteriorar-se”.

A organização prevê que, “como o Governo procura conter a maré do extremismo e a falta de integração social com uma legislação abrangente, os direitos fundamentais de todos os crentes poderão ser postos em causa num futuro próximo”.

Imagem: Unsplash

Educris|21.04.2023



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