Ecologia: Instituições religiosas anunciam desinvestimento em empresas de combustíveis fósseis

Organizações desinvestiram mais de 500 milhões de dólares em ativos combinados

São no total 35 instituições religiosas, de seis países, aquelas que hoje anunciaram o seu desinvestimento em empresas de combustíveis fósseis. O autêntico ‘travão’ à participação em ativos combinados diversos foi hoje anunciado pelo Movimento Laudato Si', o Conselho Mundial das Igrejas, Operation Noah, Green Anglicans e GreenFaith entre outras organizações.

Para o padre Joshtrom Kureethadam, Coordenador do Sector para a Ecologia no Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano que apoia o trabalho do Papa Francisco na área do meio ambiente, esta decisão está em linha com os sucessivos apelos do Vaticano para o necessário abandono dos combustíveis fosseis.

“Em 2020, o Vaticano apelou às instituições católicas para que desinvestissem em empresas de combustíveis fósseis considerando o dano que provocam ao meio ambiente. Aplaudo estas instituições proféticas que hoje procedem a este desinvestimento e encorajo todas as instituições do mundo a reduzirem a nossa dependência destas fontes de energia tão prejudiciais desinvestindo nos combustíveis fósseis”, afirmou em declarações enviadas hoje ao EDUCRIS.

Para o responsável é urgente “estar na dianteira quanto às mudanças climáticas e contra o colapso da biodiversidade” numa altura em que se torna fundamental “alcançar a paz e assegurar um planeta habitável para todos, incluindo as gerações futuras”.

Também o arcebispo de Armagh e primaz de toda a Irlanda, D. Eamon Martin, levantou a sua voz em favor deste desinvestimento como forma de escutar os próprios crentes.

“Não há dúvida que muitos membros das nossas comunidades, especialmente os nossos jovens, sentem que temos a responsabilidade de agir no que diz respeito aos desafios das mudanças climáticas e da justiça climática. As mudanças climáticas já estão a ter um impacto desproporcional sobre aqueles que vivem nas margens, que mais dependem de ecossistemas frágeis e mais vulneráveis à fome, às secas, à insegurança alimentar e aos conflitos, aos 'interesses económicos predatórios' e exploradores, à destruição dos seus lares e ao deslocamento das suas famílias”, lamentou.

De acordo com o relatório ‘Invest/Divest’, de 2021, as instituições religiosas representam mais de 35% de todos os compromissos de desinvestimento a nível mundial – mais do que qualquer outro setor.

“Mais de 1500 instituições de todos os sectores, com ativos combinados de mais de 40 mil milhões de dólares, já empreenderam alguma forma de compromisso pelo desinvestimento a nível mundial”.

Apenas nove meses após os líderes mundiais se terem comprometido a "manter vivo o 1,5ºC, na conferência COP26 de Glasgow, vinte empresas de combustíveis fósseis estão a dar seguimento aos seus planos de expansão.

Entretanto, muitos governos - como os dos EUA, Canadá, Reino Unido, Noruega e Austrália - continuam a aprovar projetos de exploração de combustíveis fósseis que colocarão o 1,5°C fora de alcance.

Imagem: Alunos protestam contra as Alterações Climáticas em Seia

Educris|06.07.2022



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