Bispos europeus pedem «resposta solidária» à crise sem esquecer África e os Migrantes

Presidentes de Conferência Episcopais enviaram mensagem aos lideres europeus onde pedem corrdores humanitários abertos, liberdade de culto e um olhar para a África

«Reencontrar a esperança e a solidariedade» é a mensagem que a COMECE, a Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia enviou às Instituições europeias e aos Estados Membros.

Na missiva os bispos europeus afirmam-se portadores de uma “mensagem de esperança” e deixam um “apelo à solidariedade” das “Instituições europeias e aos Países Membros nesta crise que nos arrasa”.

“Reafirmamos o nosso compromisso na construção da Europa, que trouxe paz e prosperidade ao nosso continente, e nos seus valores fundadores de solidariedade, liberdade, inviolabilidade da dignidade humana, democracia, estado de direito, igualdade, e defesa e promoção dos direitos humanos”, afirmam.

Lembrando o esforço cristão de “uma fraternidade universal que não deixe ninguém de fora” no continente europeu os prelados chamam a atenção para “o medo gerado” e que levou muitos países “a fechar fronteiras e a preocuparem-se com a União enquanto projeto económico, político, social e cultural.

Parafraseando o Papa os bispos da europa pedem “uma renovada determinação” nas respostas pois “estamos no mesmo barco e só nos podemos salvar se permanecermos juntos”.

“Esperamos que o instrumento para a recuperação da COVID-19 e o orçamento reforçado da União Europeia para 2021-2027, acordados na reunião do Conselho Europeu de julho, e atualmente negociados entre o Parlamento Europeu e o Conselho, possam refletir este espírito”, desejam.

Lembrando que o projeto europeu não se resume “à economia e às finanças” os presidentes das Conferências Episcopais da Europa sustentam que a atual crise é uma “oportunidade espiritual de conversão”.

“Não devemos simplesmente dedicar todos os nossos esforços para voltarmos à ‘velha normalidade’, mas aproveitar esta crise para realizar uma mudança radical para melhor”.

Na missiva pedem um trabalho de restruturação “do atual modelo de globalização, a fim de garantir o respeito pelo ambiente, a abertura à vida, a atenção à família, a igualdade social, a dignidade dos trabalhadores e os direitos das gerações futuras”.

“Os princípios da Doutrina Social Católica, entre os quais a dignidade humana, a solidariedade, bem como a opção preferencial pelos pobres e a sustentabilidade, podem ser um guia para construir um modelo diferente de economia e sociedade depois da pandemia”, reforçam.

O Sonho de Schuman, a África e os corredores humanitários

Indicando a “solidariedade como um princípio fundamental da Doutrina Social da Igreja” e que está “no centro do processo de integração europeia” os bispos lembram que “os recursos e as políticas de coesão, deve ser estendida a todos”, sobretudo a “quem está nas periferias” e evocam a memória de um dos ‘pais’ da europa.

“Para Robert Schuman, uma Europa unida prefigura a solidariedade universal de todo o mundo, sem distinção nem exclusão. Por esse motivo, a Declaração Schuman sublinhou a responsabilidade particular da Europa pelo desenvolvimento de África. De acordo com estas intenções, pedimos mais ajuda humanitária e cooperação para o desenvolvimento, e a reorientação das despesas militares para os serviços de saúde e sociais”.

Os bispos pedem medidas concretas que alarguem esta solidariedade “aos refugiados” enão apenas através “de financiamento, “mas, também, pela abertura das fronteiras da União Europeia de forma proporcional, por parte de cada Estado Membro”.

“A Europa não pode e não deve virar as costas àqueles que provêm de zonas de guerra ou de lugares onde sofrem discriminações ou não podem levar uma vida digna”, alertam.

No final do texto os Bispos europeus deixam um apelo ao “respeito pela liberdade de religião” dos crentes, “em particular a liberdade de se reunirem para exercer a própria liberdade de culto, no pleno respeito pelas exigências de saúde”, porque “as obras caritativas nascem e estão também enraizadas numa fé vivida”.

“Declaramos a nossa boa vontade de manter o diálogo entre as autoridades estatais e as eclesiásticas, para encontrar a melhor forma de conciliar o respeito pelas medidas necessárias e a liberdade de religião e de culto”, concluem.

Educris|19.11.2020



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