Vaticano: Papa encontra cientistas e recomenda "não ter medo da verdade"

Ainda antes de rumar a Portugal, onde chega dentro de algumas horas, o Papa Fracnisco encontrou-se com os cientistas que participam de colóquio de cosmologia organizado pelo Centro Astronómico do Vaticano.

 

Disponibilizamos, na íntegra, a intervenção do Papa Francisco

 

Caros estudiosos, bom dia.

Dou-vos a minha cordial saudação, e agradeço ao irmão Guy Consolmagno as suas amáveis ??palavras.

As questões sobre as quais refletistes nos últimos dias em Castel Gandolfo são de particular interesse para a Igreja, porque colocam-nos com questões que desafiam profundamente a nossa consciência: questões como o início do universo e a sua evolução posterior, a estrutura profunda do espaço e do tempo, só para citar alguns. É claro que estas questões são particularmente relevantes para a ciência, a filosofia, a teologia e até mesmo para a vida espiritual. Elas representam uma "arena" onde as diferentes disciplinas se encontraram e, por vezes, entraram em confronto.

 

Mons. Georges Lemaître, no seu duplo papel de padre católico e cosmólogo, numa tensão criativa constante entre ciência e fé, sempre com lucidez defendeu sempre a distinção metodológica clara entre os campos da ciência e da teologia, vistas como áreas de com competências distintas, que, todavia, se foram unificando harmoniosamente na sua vida. Esta distinção, já presente em São Tomás de Aquino, permite não gerar curtos-circuitos que são nocivos tanto à ciência como à fé.

Na vastidão espácio-temporal do universo, nós, os  seres humanos, podemos experimentar um sentimento de admiração e experimentar a nossa pequenez, enquanto emerge na nossa mente o questionamento do salmista: “Que é o homem para que te lembres dele, o filho do homem para dele te ocupardes? (Sl 8,5). Albert Einstein costumava dizer: “Pode dizer-se que o mistério eterno do mundo é sua compreensibilidade”. A existência e a inteligibilidade do universo não é fruto do caos e do acaso, mas da sabedoria divina, presente “no “criou-me, como primícias das suas obras, desde o princípio, antes que criasse coisa alguma” (Pr 8, 22).

Alegro-me com grande apreço, do vosso trabalho e encorajo-vos a perseverar na busca da verdade. Não tenham medo da verdade, nem vos fecheis em posições estanques e fechadas, mas aceitai as novas descobertas científicas em atitude de humildade completa. Caminhando em direção às periferias do conhecimento humano, pode-se realmente fazer uma experiência autêntica do Senhor, que é capaz de preencher os nossos corações. Obrigado.

Imagem: Rádio Vaticano

Tradução: Departamento de Comunicação SNEC



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