Vaticano: Papa explica escolha do nome e fala de «nova revolução» em curso
Leão XIV reuniu-se hoje com o colégio cardinalício e convidou a uma “adesão plena” ao Concilio Vaticano II
O novo Papa lembrou hoje, na sala do sínodo, “com dor” a partida do Papa Francisco e pediu aos cardeais presentes um olhar para as realidades recentes da Igreja à luz “da Páscoa”.
“Gostaria que olhássemos juntos para a partida do saudoso Papa Francisco e para o Conclave como um acontecimento pascal, uma etapa do longo êxodo através do qual o Senhor continua a guiar-nos em direção à plenitude da vida”.
Lembrando aos presentes que os cardeais são “os colaboradores mais próximos do Papa”, o novo pontífice mostrou-se confiante em poder “contar com todos”.
“A vossa presença recorda-me que o Senhor, tendo-me confiado esta missão, não me deixa sozinho a carregar tal responsabilidade. Sei, primeiramente, que posso contar sempre – sempre! – com a vossa ajuda, com a ajuda do Senhor, e, pela sua Graça e Providência, com a vossa proximidade e a de tantos irmãos e irmãs”, afirmou.
Pedindo a todos que se tornem “ouvintes dóceis” à voz do Espírito Santo, o papa lembrou que é a partir do “encontro” com o “Ressuscitado” que se reaviva a “esperança”.
“Este é o encontro importante, a que não se pode faltar, e para o qual devemos educar e acompanhar todo o santo Povo de Deus que nos está confiado”, desejou.
Pedindo a renovação da pela adesão de todos “a este caminho, que a Igreja universal percorre há décadas na esteira do Concílio Vaticano II”, Leão XIV explicitou o modo como o seu antecessor “recordou e atualizou magistralmente” os conteúdos do Concilio.
“O Papa Francisco recordou e atualizou magistralmente os seus conteúdos na Exortação Apostólica Evangelii gaudium”, explicitou o novo papa, que destacou pontos como “o regresso ao primado de Cristo no anúncio", a “conversão missionária de toda a comunidade cristã”, “o crescimento na colegialidade e na sinodalidade”, a “atenção ao sensus fidei “, “o cuidado amoroso com os marginalizados e os excluídos”, “o diálogo corajoso e confiante com o mundo contemporâneo nas suas várias componentes e realidades”, entre outros.
Expressando querer “seguir nesta linha”, Leão XIV evocou a encíclica Rerum novarum de Leão XIII, focada na questão social, a decisão sobre o seu nome.
“Hoje, a Igreja oferece a todos a riqueza de sua doutrina social para responder a outra revolução industrial e aos desenvolvimentos da inteligência artificial, que trazem novos desafios para a defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho”, disse.
No final do encontro Leão XIV tomou para si as palavras do papa Paulo VI, que no início do seu pontificado, em 1963, afirmou.
“«Passe pelo mundo inteiro, como uma grande chama de fé e de amor que inflame todos os homens de boa vontade, ilumine os caminhos da colaboração recíproca e atraia sobre a humanidade, agora e sempre, a abundância das divinas complacências, a própria força de Deus, sem a ajuda de quem nada é válido, nada é santo». Sejam esses também os nossos sentimentos, a serem traduzidos em oração e empenho, com a ajuda do Senhor”, finalizou.