Jubileu 2025: Papa exorta artistas a serem «testemunhas da visão revolucionária das Bem-Aventuranças»

Homilia do Papa, lida hoje pelo cardeal José Tolentino Mendonça, pede ao mundo da cultura para “não se limitar a criar beleza, mas a revelar a verdade, a bondade e a beleza”

A Eucaristia deste VI Domingo do Tempo Comum, assinalou, em Roma, o «Jubileu dos artistas e do mundo da cultura».

Ainda internado no Hospital Gemelli, o cardeal D. José Tolentino Mendonça presidiu à eucaristia com os cerca de 10 mil participantes e começou por pedir orações pelo Papa.

"Rezemos pela sua saúde, agradecemos a visão e o apoio que sempre nos oferece", disse o prelado português.

Na homilia, lida por D. José Tolentino Mendonça, o Papa lembrou que hoje se vive “numa época de crises complexas, que são económicas e sociais, mas, antes de mais, são crises da alma, crises de sentido”, e lembrou que neste mundo há um papel para os artistas.

“O artista é aquele ou aquela que tem a função de ajudar a humanidade a não se desnortear, a não perder o horizonte da esperança”.

Lembrando que esta não é “não é uma esperança fácil, superficial e desencarnada “, Francisco afirmou que "a verdadeira esperança está entrelaçada com o drama da existência humana".

“É por isso que a arte autêntica é sempre um encontro com o mistério, com a beleza que nos ultrapassa, com a dor que nos questiona, com a verdade que nos chama".

Aos artistas, e pela voz do prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé o pontífice apresentou a sua visão sobre os artistas e o mundo da cultura.

“Queridos artistas, vejo-vos como guardiões da beleza que sabem se curvar diante das feridas do mundo, que sabem ouvir o grito dos pobres, dos que sofrem, dos feridos, dos prisioneiros, dos perseguidos, dos refugiados".

Num mundo onde diariamente “se erguem novos muros” e “em que as diferenças se tornam um pretexto para a divisão em vez de serem uma oportunidade de enriquecimento recíproco”, o Papa desafiou os artistas a “construir pontes, a criar espaços de encontro e diálogo, a iluminar as mentes e a aquecer os corações”.

Contrariando uma visão utilitarista e imediata da experiência humana o Papa reafirmou a ideia de que a “arte não é um luxo, mas uma necessidade do espírito”.

“Não é uma fuga, mas uma responsabilidade, um convite à ação, um apelo, um grito. Educar para a beleza significa educar para a esperança. E a esperança nunca está separada do drama da existência: ela atravessa a luta quotidiana, as fadigas da vida, os desafios deste nosso tempo”, salientou.

No final da sua homilia o Papa Francisco reforçou a ideia de que “as bem-aventuranças” são “uma lógica invertida, uma revolução da perspetiva” na qual “a arte é chamada a participar”.

“O mundo precisa de artistas proféticos, de intelectuais corajosos, de criadores de cultura. Deixai-vos guiar pelo Evangelho das Bem-Aventuranças e que a vossa arte seja anúncio de um mundo novo”.



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