Ângelus: «Abramos as portas do coração e da mente ao Senhor», desafia o Papa
Na solenidade da Imaculada Conceição o Papa Francisco apresentou o modelo de Maria como aquela que se coloca "inteiramente ao serviço da Palavra de Deus", a quem "se confia completamente". Em vésperas da abertura da Porta Santa, no Vaticano, Francisco desafiou os fiéis a "uma boa confissão" na certeza de que "Deus perdoa sempre".
Leia, na íntegra, a reflexão do Santo Padre antes da recitação da oração mariana do Ângelus
Amados irmãos e irmãs, bom dia e boa festa!
Hoje, na solenidade da Imaculada Conceição, o Evangelho narra um dos momentos mais importantes, mais belos, na história da humanidade: a Anunciação (cf. Lc 1, 26-38), quando o “sim” de Maria ao Arcanjo Gabriel permitiu a Encarnação do Filho de Deus, Jesus. É uma cena que suscita a maior maravilha e comoção, porque Deus, o Altíssimo, o Omnipotente, por meio do Anjo dialoga com uma jovem de Nazaré, pedindo a colaboração dela para o seu projeto de salvação. Se hoje tiverdes um pouco de tempo, procurai no Evangelho de São Lucas e lede esta cena. Garanto-vos que vos fará bem, muito bem!
Tal como na cena da criação de Adão, pintado por Miguel Ângelo na Capela Sistina, onde o dedo do Pai celeste toca o do homem; também aqui o humano e o divino se encontram, no início da nossa Redenção, encontram-se com uma delicadeza maravilhosa, no instante abençoado em que a Virgem Maria pronuncia o seu “sim”. Ela é uma mulher de uma pequena aldeia periférica e é chamada para sempre para centro da história: da sua resposta depende o futuro da humanidade, que pode de novo sorrir e esperar, porque o seu destino foi colocado em boas mãos. Será Ela a trazer o Salvador, concebido pelo Espírito Santo.
Portanto, Maria, como a saúda o Arcanjo Gabriel, é a «cheia de graça» (Lc 1,28), a Imaculada, inteiramente ao serviço da Palavra de Deus, sempre com o Senhor, a quem se confia completamente. Nela não há nada que resista à sua vontade, nada que se oponha à verdade e à caridade. Eis a sua bem-aventurança, que todas as gerações cantarão. Alegremo-nos também nós porque a Imaculada nos deu Jesus, que é a nossa salvação!
Irmãos e irmãs, contemplando este mistério, podemos perguntar-nos: no nosso tempo, agitado por guerras e concentrado no esforço de possuir e dominar, onde ponho eu a minha esperança? Na força, no dinheiro, nos amigos poderosos? É ali que ponho a minha esperança? Ou na misericórdia infinita de Deus? E perante tantos falsos modelos brilhantes que circulam nos meios de comunicação social e na internet, onde procuro a minha felicidade? Onde está o tesouro do meu coração? Está no facto de que Deus me ama gratuitamente, que o seu amor me precede sempre e está pronto a perdoar-me quando volto arrependido para ele? Nessa esperança filial no amor de Deus? Ou iludo-me procurando fazer valer o meu eu e a minha vontade a todo o custo?
Irmãos e irmãs, ao aproximar-se a abertura da Porta Santa do Jubileu, abramos as portas do coração e da mente ao Senhor. Ele nasceu de Maria Imaculada: imploremos a intercessão de Maria. E dou-vos um conselho. Hoje é um belo dia para decidir fazer uma boa Confissão. Se não puderdes ir hoje, nesta semana, até ao próximo domingo, abri o vosso coração e o Senhor perdoa tudo, tudo, tudo. E assim, nas mãos de Maria, seremos mais felizes.