Ângelus: Papa lembra exemplo de Maximiliano Kolbe, madre Teresa e Óscar Romero
Em dia de «Todos os Santos» o Papa Francisco evocou o exemplo de santidade de cristãos do século XX e afirmou que hoje “existe muita santidade escondida na Igreja”
Leia, na íntegra, a reflexão do Santo Padre
Queridos irmãos e irmãs, bom dia e boas festas!
Hoje, Solenidade de Todos os Santos, no Evangelho (cf. Mt 5, 1-12) Jesus proclama o bilhete de identidade do cristão. E qual é o bilhete de identidade de um cristão? As bem-aventuranças. É o nosso bilhete de identidade e também o caminho para a santidade (cf. Exortação Apostólica Gaudete et exsultate, 63). Jesus mostra-nos um caminho, o caminho do amor, que Ele próprio percorreu pela primeira vez ao tornar-se homem, e que para nós é ao mesmo tempo dom de Deus e a nossa resposta. Presente e resposta.
É um dom de Deus, porque, como diz S. Paulo, é Ele que santifica (cf. 1 Cor 6, 11). E é por isso que é sobretudo ao Senhor que pedimos que nos santifique, que torne o nosso coração semelhante ao d’Ele (cf. Carta Encíclica Dilexit nos, 168). Com a sua graça Ele cura-nos e liberta-nos de tudo o que nos impede de amar como Ele nos ama (cf. Jo 13,34), para que em nós, como dizia o beato Carlo Acutis, haja sempre “menos menos de mim para deixar espaço”.
E isto leva-nos ao segundo ponto: a nossa resposta. Com efeito, o Pai celeste oferece-nos a sua santidade, mas não a impõe. Plantá-lo em nós faz-nos prová-lo e ver a sua beleza, mas depois espera pela nossa resposta. Ele permite-nos seguir as suas boas inspirações, deixar-nos envolver nos seus projectos, fazer nossos os seus sentimentos (cf. Dilexit nos, 179), colocando-nos, como Ele nos ensinou, ao serviço dos outros, com uma caridade cada vez mais universal, aberta e dirigida a todos, ao mundo inteiro.
Vemos tudo isto na vida dos santos, mesmo no nosso tempo. Pensemos, por exemplo, em São Maximiliano Kolbe, que em Auschwitz pediu para ocupar o lugar de um pai condenado à morte; ou em Santa Teresa de Calcutá, que passou a sua existência ao serviço dos mais pobres entre os pobres; ou no bispo São Óscar Romero, assassinado no altar por ter defendido os direitos destes últimos contra os abusos dos arrogantes. E assim podemos fazer uma lista de tantos santos, tantos: os que veneramos nos altares e outros, a que gosto de chamar santos “ao lado”, os do quotidiano, os escondidos, os que levam a sua vida cristã. Irmãos e irmãs, quanta santidade escondida existe na Igreja! Reconhecemos tantos irmãos e irmãs modelados pelas Bem-aventuranças: pobres, mansos, misericordiosos, famintos e sedentos de justiça, arquitetos de paz. São pessoas “cheias de Deus”, incapazes de permanecer indiferentes às necessidades do próximo; São testemunhas de caminhos luminosos, que também nos são possíveis.
Perguntemo-nos agora: peço a Deus, na oração, o dom de uma vida santa? Deixo-me guiar pelos bons impulsos que o Seu Espírito desperta em mim? E comprometo-me pessoalmente a praticar as bem-aventuranças do Evangelho nos ambientes em que vivo?
Que Maria, Rainha de todos os Santos, nos ajude a fazer da nossa vida um caminho de santidade.