Vaticano: Sínodo termina sem a tradicional «Exortação Apostólica»
Papa considera documento final “um dom para a Igreja” e deseja que “as palavras sejam traduzidas em atos”
O Papa Francisco anunciou, no passado sábado, que não tenciona escrever “uma Exortação Apostólica” e que o documento final, que resulta do trabalho dos intervenientes diretos no Sínodo, contém “indicações concretas” que devem “servir de guia”
“Não tenho intenção de publicar uma ‘exortação apostólica’. É suficiente aquilo que aprovámos. No Documento há já indicações muito concretas que podem servir de guia para a missão das igrejas, nos diversos continentes, nos diversos contextos: por isso, coloco-o imediatamente à disposição de todos”, afirmou na saudação final que dirigiu à 17ª Congregação Geral.
Na ocasião Francisco disse “reconhecer o valor do caminho sinodal realizado”, que recolhe o “fruto de anos, pelo menos três, nos quais nos colocámos à escuta do Povo de Deus para compreender melhor como ser ‘Igreja sinodal’”.
Desejando uma “abertura ao Espírito”, o Papa disse querer uma Igreja “como sacramento”, capaz de ser “sinal instrumento da espera de Deus, que já preparou a mesa e está a aguardar”.
“A sua Graça, por meio de seu Espírito, sussurra palavras de amor no coração de cada um. A nós, cabe-nos amplificar a voz desse sussurro, sem obstruí-la; abrir portas, sem erguer muros”, afirmou.
Lamentando “o mal” causado “por homens e mulheres da Igreja” sempre que se erguem muros, o Papa convidou os crentes a serem “testemunhas da paz, aprendendo também a dar forma real ao convívio das diferenças”.
No Documento final, agora tornado público, surgem temas que vão ser confiados aos “dez Grupos de Estudo”, que o Papa desejou que trabalhem “com liberdade para me apresentarem propostas”, e com o “necessário tempo para chegar a escolhas que envolvam toda a Igreja”.
“Não se trata de adiar indefinidamente as decisões. É o que corresponde ao estilo sinodal com que deve ser exercido também o ministério petrino: escutar, convocar, discernir, decidir e avaliar. E nestes passos, são necessárias as pausas, os silêncios e a oração. É um estilo que estamos a aprender juntos, um pouco de cada vez”, completou.
No final da sua intervenção o papa argentino pediu que o resultado destes três anos de caminho esteja “acessível nas Igrejas locais”, e que num mundo marcado “pela violência, pela pobreza e pela indiferença”, a Igreja seja capaz de testemunhar “a esperança que não desilude, unidos no amor de Deus difundido nos nossos corações” para , “não só sonhar com a paz, mas empenharmo-nos com todas as nossas forças para que, mesmo sem falar muito de sinodalidade, a paz se realize através de processos de escuta, de diálogo e de reconciliação”.