Papa pede «criação de dois estados» para a Palestina e lamenta «uma ameaça global à paz»

Francisco acolheu hoje, em audiência, os embaixadores acreditados junto à Santa Sé e voltou à ideia de que se vive “uma terceira guerra mundial em pedaços”, que lentamente se vai tornando “um verdadeiro conflito global”

O Papa Francisco destacou hoje a importância da az nas duas “festas cristãs principais” e exortou os diplomatas a “trabalhar pela paz” num tempo em que a mesma está ameaçada, fragilizada e parcialmente perdida”.

“A paz é primariamente, um dom de Deus: é Ele que nos deixa a sua paz (cf. Jo 14, 27); mas ao mesmo tempo é uma responsabilidade nossa: «felizes os pacificadores» (Mt 5, 9). Trabalhar pela paz. Uma palavra tão frágil, que, ao mesmo tempo, se revela exigente e densa de significado”, afirmou.

Alegrando-se pelo reatar de relações entre a Santa Sé e diversos países, com destaque para o Sultanato de Omã, o Vietname ou o Cazaquistão, Francisco apelou à comunidade internacional para que avance “com determinação, na solução de dois Estados, um israelita e um palestiniano, bem como de um estatuto especial, garantido internacionalmente, para a Cidade de Jerusalém, para que israelitas e palestinianos possam finalmente viver em paz e segurança”.

“O conflito ativo em Gaza desestabiliza ainda mais uma região frágil e carregada de tensões. Em particular, não se pode esquecer o povo sírio, que vive na instabilidade económica e política, agravada pelo terramoto de fevereiro passado. Exprimo a minha amargura pelos milhões de refugiados sírios que ainda se encontram nos países vizinhos, como a Jordânia e o Líbano”, lamentou.

Afirmando que o “caminho da paz” exige “o respeito pela vida” e o “respeito pelos direitos humanos”, o papa convidou os países a “relançar um compromisso comum ao serviço da paz”.

“Para tal é preciso recuperar as raízes, o espírito e os valores que deram origem a esses organismos, embora tendo em conta a mudança do contexto e tendo em consideração quantos não se sentem adequadamente representados pelas estruturas das organizações internacionais”, desenvolveu.

JMJ de Lisboa como «Grande hino à paz» e «comunhão nas diferenças»

Num ano de 2023 em que visitou a República Democrática do Congo, Sudão do Sul, Hungria, Portugal, Mongólia e Marselha, Francisco recordou a Jornada Mundial da Juventude, e afirmou a educação como o “o principal investimento no futuro e nas gerações jovens”.

“Conservo no coração aquele encontro com mais de um milhão de jovens, provenientes de todas as partes do mundo, cheios de entusiasmo e vontade de viver. A sua presença foi um grande hino à paz e o testemunho de que «a unidade é superior ao conflito» e que é «possível desenvolver uma comunhão nas diferenças», alegrou-se.

Para o Papa, e olhando para um ano de 2024 com vários atos eleitorais um pouco por todo o mundo, Francisco explicou o modo cristão de olhar e estar em política.

“A política, por sua vez, deve ser sempre entendida não como uma apropriação de poder, mas como a forma mais elevada de caridade e, portanto, de serviço ao próximo dentro de uma comunidade local ou nacional”, completou.

Perante os inúmeros atentos à dignidade humana e à Paz, Francisco concluiu a audiência aos embaixadores concluindo que “talvez hoje, mais do que nunca, tenhamos necessidade do ano jubilar”.

“Talvez hoje, mais do que nunca, tenhamos necessidade do ano jubilar. Perante tantos sofrimentos que provocam desespero não só nas pessoas diretamente atingidas, mas em todas as nossas sociedades; frente aos nossos jovens, que, em vez de sonhar um futuro melhor, com frequência se sentem impotentes e frustrados; e face à obscuridade deste mundo que, em vez de se afastar, parece crescer, o Jubileu é o anúncio de que Deus nunca abandona o seu povo e mantém sempre abertas as portas do seu Reino”, concluiu.

Imagem: Vatican Media

Educris|08.01.2024

 



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