Lisboa: «O Pacto Educativo convida-nos a uma atitude de escuta», Paulo Campino
Responsável apontou “três grandes desafios” que o II Congresso Nacional da Escola Católica deixa a estas instituições de ensino
O diretor do Colégio do Sagrado Coração de Maria, em Lisboa, considera que a última reunião das escolas católicas em Portugal, deixou, “vários desafios” para o setor.
“Desde logo destaco a convicção de que precisamos mesmo de nos conhecer bem. Saber bem o que somos, o que queremos e que projeto educativo pretendemos oferecer aos nossos alunos”.
Dirigindo uma instituição de ensino com mais de um milhar de alunos e que funciona há mais de 80 anos, este responsável é da opinião que a reunião dos passados dias 10 e 11 de outubro, permitiu aprofundar a convicção de que as instituições de ensino católico devem ser lugares “do cuidado, da criação, do desenvolvimento da criatividade” e da “promoção da competência dos nossos alunos”.
“O terceiro desafio vem do próprio pacto que nos convida a uma atitude de escuta dos alunos, dos colaboradores, dos pais, e a tomarmos as decisões em caminhada”, considera.
«Perspetivas emergentes» pediram “mais partilha” entre as escolas católicas
Na última intervenção do II Congresso Nacional Alfredo Teixeira, professor na Universidade Católica Portuguesa (UCP), trouxe à reflexão dos 350 participantes, algumas «perspetivas emergentes».
O docente desafiou as escolas católicas a promover “mais partilha do que se está a fazer” para que se efetive um “movimento de transmissão, de passagem” num momento em que muitas congregações enfrentam crises vocacionais.
“Antes de mais porque, de alguma maneira, muitos desses novos atores podem pertencer ao mundo da tal ‘exculturação’ do cristianismo, ou seja, ao mundo em que a distância em relação ao reconhecimento do que é o lugar do cristianismo nas nossas sociedades, na nossa cultura, pode já sofrer até, no mínimo, de uma certa iliteracia”, afirmou.
Para o antropólogo é fundamental que o “processo de transmissão” ocorra em “contexto criativo”, garantindo que a tradição e a intuição fundacional é incorporada e ganha “novas formas de se dizer”.
“Nós dizemos de uma língua que já não se fala que é uma língua morta. E porque é que ela é morta? Porque ela já não consegue integrar as novas dimensões do vivido. Este momento das instituições pode ser, de novo, a oportunidade para continuar a recitar essa ‘língua viva’ que é necessária para os projetos educativos católicos”, desenvolveu.
Reforçando a ideia transmitida pelo Cardeal Tolentino Mendonça no inicio dos trabalhos, o docente apontou a construção da escola como “lugar de transmissão cultural” pois “se a vida pode perpetuar-se por instinto”, ao invés a “cultura necessita de projeto”.
“A vida, de facto, implica processos de transmissão com competência estratégica. Logo, pacto. Fazer alianças, testemunhar, ordenar, tudo isso descreve o processo de transmissão. E, por isso, a transmissão mobiliza, de facto, uma dimensão política, a nossa experiência comum”, completou.
«Escola Católica – identidade e pacto num mundo global» foi o tema central do II Congresso Nacional da Escola Católica, que se realizou a 10 e 11 de outubro em Fátima.