Peniche: Covid-19 trouxe desafios à «Educação Cristã»

Paróquia de São Pedro retoma vida paroquial, com Educação Cristã em destaque

Nas vésperas de um novo estado de emergência, que o governo vai apresentar ao presidente da República na próxima semana, a vida eclesial retoma, lentamente, o seu curso nas diversas paróquias portuguesas.

Em Peniche, cidade piscatória da região de Leiria mais de duzentas crianças e adolescentes retomam a catequese paroquial no meio de “alguns medos e ainda longe da participação antes do Covid-19”.

“Está-se a conseguir ultrapassar as primeiras dúvidas. Temos uma redução substancial, na catequese, mas já conseguimos reunir todos os grupos e iniciámos a catequese presencial. Com todas a limitações e cuidados, mas com muita esperança”, explica ao EDUCRIS o padre Diogo Correia, do Patriarcado de Lisboa.

Para o sacerdote, responsável pela comunidade paroquial, “o grande desafio passa pela confiança das famílias na catequese paroquial  e pelas medidas que temos vindo a realizar”.

Catequese: Pais e digital são fundamentais

Há quase seis décadas como catequista na comunidade, Maria de Lourdes diz que “existem diferenças entre o antigamente e o hoje,” mas não descansa e considera que gostaria de ver “ainda maiores diferenças”.

“Antigamente a catequese exista para transmitir fórmulas. Hoje percebermos que o mais importante ajudar a fazer a coerência entre a fé e a vida. Aqui queremos ir ao encontro da fraternidade e levar as nossas crianças e jovens a servir os outros. Podemos ir ainda mais longe”, aponta.

Num período para o qual afirma “ninguém estava preparado”, a catequista aproveita para “agradecer a ajuda do Secretariado Nacional da Educação Cristã com o Catequese em nossa Casa” pois “foi um ponto de ligação importante para pais, catequistas e crianças”.

Após o confinamento, e numa altura em que lentamente se reinicia a catequese, Maria de Lourdes acredita que “os miúdos estão mais atentos e com uma maior sensibilidade após este tempo”.

“Ontem tivemos aqui o reinício da catequese e foi muito bonito vermos tantas crianças com os seus pais”.

Ao lado de Maria de Lourdes outra catequista, Ana Pacheco, abana a cabeça em sinal de concordância e deixa o aviso.

“Precisamos de mais formação na área do digital. Esta pandemia trouxe-nos, ainda, a convicção de que sem os pais não existe transmissão da fé”, atira convicta.

EMRC: Contributo para uma vida assente em valores

Na secundária de Peniche as aulas de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) são quase “uma instituição”.

“Os alunos que nos chegam já tiveram a disciplina, na sua grande maioria, durante os ciclos anteriores. Isso permite que o secundário seja uma espécie de ‘colocar as mãos à obra’ a partir dos valores apreendidos, dos dons de cada um, para os colocar ao serviço dos outros”, afirma o professor Gonçalo Domingos.

Voluntariado na região e no estrangeiro, peregrinações, visitas a lares, distribuição de comida aos mais necessitados, são apenas alguns dos desafios que os professores criam aos mais novos e eles respondem “chamando-se uns aos outros para esta opção que é a EMRC”.

Para a professora Ana Cristina Marques o “distanciamento” levou a que nos “tivéssemos de recriar numa altura em que temos de esconder o nosso rosto”.

Numa escola marcada pelo voluntariado a docente afirma que o segredo passa por entregar as decisões aos alunos porque “tem a capacidade de se recriar”.

“A pandemia trouxe muitos desafios. A visita aos lares passou a ser feita pela janela, passeiam-se animais de quem não pode e entrega-se comida, apanhando-se lixo”, exemplifica.

“Mesmo com o covid-19, os alunos entendem o que a EMRC é importante na vida e predispõem-se a fazer este percurso com a EMRC em vários domínios do ser pessoa”, conclui Gonçalo Domingos.

Educris|01.11.2020



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