Homilia da Eucaristia para os Educadores Católicos (C\vídeo)

Presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF), D. António Moiteiro, celebrou, no passado dia 30 de abril, a eucaristia para os educadores cristãos sob o lema «Celebrar a Vida».

Leia, na íntegra a Homilia da Eucaristia

 

Caros Diretores e comunidades educativas das escolas católicas,
Caros professores de EMRC e equipas diocesanas,
Caros catequistas e secretariados diocesanos,
Caros educadores católicos.

Esta celebração eucarística nasce do desejo de, nestes tempos que estamos a viver, a esperança não esmoreça e a comunhão entre nós, os educadores cristãos, seja cada vez maior. O Evangelho de hoje fala da vida nova que nos é dada pelo pão descido do céu, que é o próprio Jesus. O maná era alimento perecível, mas aqui fala-se do verdadeiro pão da vida, que se identifica com a Sua própria Pessoa. A hora de Jesus anuncia e inaugura uma total novidade de vida.

Celebramos, igualmente, esta Eucaristia na semana em que toda a Igreja dedica a sua atenção ao tema das vocações, onde a nossa vocação de educadores é uma missão fundamental na vida da Igreja e da sociedade. Sem educação não há futuro, nem espírito crítico, tão fundamental na construção de sociedades mais livres e solidárias. Inspirando-me na mensagem do Papa Francisco para o 57º Dia mundial das Vocações, proponho a minha reflexão em três palavras: gratidão, coragem e louvor.

A primeira palavra da vocação é gratidão. Habitualmente, confunde-se vocação com profissão. A vocação nasce de uma voz interior e antecede a profissão. O cristão aprende a acolher numa perspetiva vocacional todas as escolhas da existência, sobretudo a do estado de vida, bem como as de carácter profissional. A vocação é o pulsar da verdadeira vida em nós; quando vivida na fidelidade e na alegria confere ao exercício da profissão uma beleza particular, e é caminho de santidade. As palavras do Papa Francisco são eloquentes neste sentido: «Navegar pela rota certa não é uma tarefa confiada só aos nossos esforços, nem depende apenas dos percursos que escolhemos fazer. A realização de nós mesmos e dos nossos projetos de vida não é o resultado matemático do que decidimos dentro do nosso «eu» isolado; pelo contrário, trata-se, antes de mais nada, da resposta a uma chamada que nos chega do Alto. É o Senhor que nos indica a margem para onde ir e, ainda antes disso, dá-nos a coragem de subir para o barco; e Ele, ao mesmo tempo que nos chama, faz-Se também nosso timoneiro para nos acompanhar, mostrar a direção, impedir de encalhar nas rochas da indecisão e tornar-nos capazes até de caminhar sobre as águas tumultuosas».

A vocação de todos e cada um dos educadores exige determinação, testemunho de vida cristã e coragem. Fazer a vontade de Deus envolve reconhecer a vocação que nos é dada por Ele e que vem sempre acompanhada dos talentos necessários para que ela seja cumprida. A exigência de estar no mundo, para os crentes, radica da sua participação no mistério de Cristo. «Importante é que cada crente discirna o seu próprio caminho e traga à luz o melhor de si mesmo, quanto Deus colocou nele de muito pessoal (G et Ex 11). Ser educador cristão transforma a vida pessoal e exige um suplemento de valentina na missão que desempenhamos.

A terceira e última palavra é de louvor pelo vosso trabalho, vivendo com intensidade a dimensão pascal da vida cristã. A Páscoa de Jesus é uma ocasião propícia para pensarmos a sociedade de uma forma diferente: Temos de ser protagonistas de uma economia ao serviço de todas as pessoas; empenharmo-nos numa nova cultura ecológica e, se alguma lição temos a tirar desta pandemia, serão o respeito e a defesa da vida em todas as idades, sobretudo dos mais frágeis: «Precisamos que, ao lado da ecologia da natureza, existe uma ecologia que podemos designar “humana”, a qual, por sua vez, requer uma “ecologia social”. E isto requer que a humanidade (…) tome consciência cada vez mais das ligações existentes entre a ecologia natural, ou seja, o respeito pela natureza, e a ecologia humana» (Querida Amazónia, citando Bento XVI); Como cristãos, precisamos de ir ao essencial do Evangelho, despindo-nos de tantas roupagens que escondem, por vezes, a novidade do ser cristão.

A nossa missão de educadores é como «um homem que lançou a semente à terra. Quer esteja a dormir, quer se levante, de noite e de dia, a semente germina e cresce, sem ele saber como. A terra produz por si, primeiro o caule, depois a espiga e, finalmente, o trigo perfeito na espiga (Mc 4,26-28).

Que Maria e José (amanhã celebramos o dia de S. José Operário) nos ensinem no “sim” que todos os dias damos aos nossos educandos.

Aveiro, 30 de abril de 2020.

+ António Manuel Moiteiro Ramos, Bispo de Aveiro e Presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé.

Educris|05.05.2020



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