Indicações Pastorais para o Ano da Fé

Na última crónica foi apresentada a Carta Apostólica Porta fidei, de Bento XVI, documento em que foi proclamado um “tempo de graça” a ser vivido por toda a Igreja – o chamado Ano da Fé – que teve início a 11 de outubro de 2012 e que encerrará a 24 de novembro de 2013. Foi também explicada a importância da data escolhida para a abertura oficial deste tempo: simultaneamente o quinquagésimo aniversário da abertura da primeira sessão do Concílio Vaticano II e, por outro lado, o vigésimo aniversário da promulgação do Catecismo da Igreja Católica.

Esta crónica vem hoje apresentar, de forma resumida, um documento que foi escrito na sequência da Carta Porta Fidei, documento esse que visa orientar os cristãos na vivência deste período que se quer intenso, profundo e frutífero, não só para a Igreja de Cristo, mas para o Mundo. O documento em questão foi redigido pela Congregação para a Doutrina da Fé, organismo da Santa Sé, e publicado no início de 2012, dando assim espaço e tempo suficiente a uma digna e refletida preparação do Ano da Fé. Chama-se precisamente Indicações Pastorais para o Ano da Fé.

Na sua introdução, o documento lembra que “depois do Concílio, a Igreja empenhou-se na assimilação (receptio) e na aplicação do seu rico ensinamento.” Desde aí os “Sumos Pontífices convocaram amiúde o Sínodo dos Bispos (...) propondo à Igreja orientações claras, por meio de diversas Exortações apostólicas pós-sinodais.” Entre 1967 e 2012 foram já treze as Assembleias Ordinárias do Sínodo dos Bispos, dedicadas a diversos temas: A preservação e o fortalecimento da fé católica, a sua integridade, o seu vigor, o seu desenvolvimento, a sua coerência doutrinal e histórica (1967), O sacerdócio ministerial e a justiça no mundo (1971), A evangelização no mundo moderno (1974), A catequese no nosso tempo (1977), A família cristã (1980), A penitência e a reconciliação na missão da Igreja (1983), A vocação e a missão dos leigos na Igreja e no mundo (1987), A formação dos sacerdotes nas circunstâncias atuais (1991), A vida consagrada e a sua missão na Igreja e no mundo (1994), O Bispo: servidor do Evangelho de Jesus Cristo para a esperança do mundo (2001), A Eucaristia: fonte e ápice da vida e da missão da Igreja (2005), A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja (2008), A nova Evangelização para a transmissão da fé cristã (2012).

A Congregação dá indicações que “desejam favorecer tanto o encontro com Cristo, por meio de autênticas testemunhas da fé, quanto o conhecimento sempre maior

dos seus conteúdos” porque “a redescoberta alegre da fé poderá contribuir, também, para consolidar a unidade e a comunhão entre as diversas realidades que compõem a grande família da Igreja”.

As orientações apresentadas dividem-se em quatro grupos: (1) Igreja Universal, (2) Conferências Episcopais, (3) Dioceses, (4) Paróquias/Comunidades/Associações/Movimentos. Para ler em detalhe a lista de propostas apresentadas é bom consultar o documento (está facilmente acessível na internet). Ainda assim realço a importância atribuída, a todos os níveis, a uma releitura dos documentos emanados do Concílio Vaticano II, bem como ao aprofundamento e estudo detalhado do Catecismo da Igreja Católica. Pela sua abrangência, não quero deixar de transcrever aqui a última orientação do documento: “Todos os fiéis, chamados a reavivar o dom da fé, tentarão comunicar a própria experiência de fé e de caridade, dialogando com os seus irmãos e irmãs, também com os das outras confissões cristãs, com os seguidores de outras religiões e com aqueles que não crêem ou são indiferentes. Deste modo se deseja que todo o povo cristão comece uma espécie de missão endereçada aqueles com os quais vive e trabalha, com consciência de ter recebido “a mensagem da salvação para a comunicar a todos”.

Apesar de todas as orientações apresentadas no documento, ele não “exclui outras propostas que o Espírito Santo quiser suscitar entre os Pastores e os fiéis nas diversas partes do mundo”. Isso torna-nos particularmente responsáveis pela forma como este “tempo de graça” marcará a nossa vida e a vida de todos os que pudermos despertar/interrogar/inspirar/alegrar/edificar. Encontrarmos as razões da nossa fé e, com isso, tornarmo-nos pessoas mais otimistas, mais tranquilas, mais felizes, mais “capazes de amar” seria, certamente, uma boa forma de celebrarmos este acontecimento ímpar da história da Igreja.

Sónia Oliveira,

Gestora empresarial


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