Em 2007 saiu um filme intrigante The Bucket list, Nunca é tarde demais (tradução para português), com Jack Nicholson e Morgan Freeman nos papéis principais.
O executivo multi-milionário Edward Cole (Jack Nicholson) e o mecânico da classe operária Carter Chambers (Morgan Freeman) vivem em mundo diferentes, distantes. A caixinha de surpresas chamada vida fez com que os seus destinos se cruzassem num quarto de hospital. Temperamentos vincados, fortes, casmurros, de ambos. Descobrem que têm duas coisas em comum: um desejo de gastar o tempo que lhes resta a fazer aquilo que sempre desejaram e uma necessidade, ainda que inconsciente, de se aceitarem como são.
Só se vive uma vez, porque não em grande estilo? Cada um dos intervenientes elaborou a lista das coisas que queriam fazer antes de morrer: salto de paraquedas, pilotar um Mustang Shelby, admirar a grande pirâmide de Khufu, fazer as pazes com o passado, etc...
Lembrei-me deste filme depois de ter tido contato com uma caso da vida real: Bronnie Ware.
Bronnie Ware é uma enfermeira australiana que lançou um livro. O livro intitula-se The Top Five Regrets of the Dying - A Life Transformed by the Dearly Departing ("Os Cinco Maiores Arrependimentos à Beira da Morte", em tradução livre) relata as experiências da autora durante anos de trabalho em cuidados de doentes terminais.
A ideia para o livro surgiu a partir de um artigo que publicou no seu blogue e se transformou num texto viral (teve uma propagação rápida) na web.
Afirma no seu livro que as pessoas amadurecem muito quando precisam enfrentar a própria mortalidade. Porque cada pessoa experimenta uma série de emoções, como é esperado, que inclui a negação, o medo, o arrependimento, mais negação e, em algum momento, a aceitação.
A enfermeira garante que cada um dos pacientes que tratou encontrou a sua paz antes de partir.
Ware afirmou à BBC que, durante os anos em que trabalhou com estes pacientes, percebeu também que muitos se arrependiam
Os cinco arrependimentos das pessoas que estão prestes a morrer:
1. Queria ter tido a coragem de fazer o que realmente queria, e não o que os outros esperavam que eu fizesse;
2. Queria não ter trabalhado tanto;
3. Queria ter tido coragem de expressar o que realmente sentia;
4. Queria ter retomado o contato com os amigos;
5. Queria ter sido mais feliz.
Estes dois acontecimentos trazem-me à memória a passagem do Evangelho de São Lucas (Lc 10, 40-42): 40Marta, porém, andava atarefada com muitos serviços; e, aproximando-se, disse: «Senhor, não te preocupa que a minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe, pois, que me venha ajudar.»
41O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; 42*mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.»
Que coisas contém a tua lista? Tens meditado nela? Ou será que também és Marta e continuas imerso em muitas coisas que não te permitem meditar, refletir, observar?
A decisão é tua, depois não digas que ninguém te avisou.
Bento Oliveira
Professor de EMRC