O que acontece a um grande coração em tempos difíceis?

O ano de 2012 chegou carregado de anúncios de crise, austeridade, dificuldades e sacrifícios. Parecem esquecidas as maravilhas que continuam, gratuitamente, ao nosso alcance nestes dias… um sol que brilha, o sorriso das crianças, uma flor que se abre para o mundo, o amor e partilha das famílias e amigos. A vida é mesmo feita destas coisas, e quanto maiores forem as dificuldades mais valiosas parecerão as maravilhas e mais intensa será a vida. O crescimento humano necessita destes equilíbrios, ainda que eles nos pareçam, por vezes, demasiado difíceis.

Para grandes desafios são necessários grandes corações. Recordo incessantemente o apelo de João Paulo II na primeira Jornada Mundial da Juventude: “Não tenhais medo de ser santos!”. Os santos aprendem, com Deus, a viver todos os momentos da vida, independentemente de parecem bons ou maus. A nossa santificação tornará, certamente, 2012, num ano mais feliz.

Quando o apelo de santidade foi lançado a milhares de jovens, muitos pensaram que “aquilo” não era para eles. Tinham formatado nas suas mentes exemplos de santos que, apesar de admirarem, não pretendiam imitar. Para esses jovens, tal como para muitos de nós, os santos são sinónimos de homens e mulheres que optaram por viver em conventos, muitos deles em clausura, abdicando de prazeres que a sociedade actual nos apresenta como imprescindíveis.

Esta crónica e também a próxima pretendem apresentar dois exemplos de vidas virtuosas que demonstram o quanto a santidade pode estar ao alcance de todos. Não significa isso que estes exemplos tenham passado por opções de vida menos radicais, mas sim que a radicalidade de vida está mais no amor com que ela é vivida em cada dia do que na “forma” que ela assume.

Maria e Luís

nasceram no final do século XIX e sempre se apresentaram como um casal apaixonado, com uma vida marcada pelo amor à vida, aos pobres, a Deus. Ela foi professora e escritora e ele um advogado de sucesso. Tiveram quatro filhos que, tal como os pais, sempre aprenderam a dedicar a melhor atenção aos mais necessitados. Durante a Segunda Guerra Mundial acolheram refugiados em sua casa e Maria trabalhou como enfermeira voluntária da Cruz Vermelha. No pós-guerra ajudaram também na reconstrução de casas nos bairros pobres de Roma. Luís morreu em 1951 e Maria em 1965. Hoje são conhecidos como o casal Quattrocchi. João Paulo II beatificou-os a 21 de Outubro de 2001, na presença dos seus filhos e netos e de milhares de pessoas que foram tocadas pelo seu amor. A Igreja apresenta-os como um exemplo a seguir.

Este casal viveu momentos difíceis da história mundial recente: a Primeira Guerra Mundial, a Grande Depressão de 1929, a Segunda Guerra Mundial e certamente muitos outros dramas pessoais que só eles poderiam descrever. Apesar de tudo isso ou talvez por causa de tudo isso, o seu testemunho permite-nos hoje responder a uma questão essencial para as nossas vidas… ‘O que acontece a um grande coração em tempos difíceis?’: ‘Torna-se ainda maior!

Sónia Oliveira,
Gestora empresarial


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