Formação: Especialista aborda o “tempo de morrer” e a questão da eutanásia

Membro da Academia Pontifícia para a Vida criticou “atuação do estado perante os doentes não oncológicos” e pediu celeridade no “acompanhamento familiar” dos doentes.

 

Na tarde deste sábado Filipe Almeida, médico e membro da Academia Pontifícia para a Vida trouxe aos docentes de EMRC o tema «Viver o teu tempo de morrer: uma responsabilidade e um privilégio humano».

Na sua palestra o especialista abordou o tema da “morte” como a ultima “fronteira humana que a nós se impos de maneira incontornável e incontrolável”.

Perante o sofrimento físico, provocado pela doença, e com os “avanços químicos obtidos nos últimos anos” Filipe Almeida disse ter a convicção de que “medicalizar o sofrimento permitirá terminar com os pedidos de eutanásia e respeitará a dignidade da vida humana”.

Para o membro da Academia Pontifícia para a Vida “é inaceitável que no quadro atual possa não ser oferecido aos doentes um quadro tecnológico que permita eliminar o quadro biológico” no que à dor diz respeito.

Ao longo da sua preleção o médico pediu que “os cuidados paliativos” tenham em conta a “dimensão espiritual do ser humano” e contem com a “presença da família como parte integrante da terapia”:

“Não implementar estratégias que respondam à dor, à emergência da espiritualidade e à socialidade é condenar os doentes graves à partilha do nada e, sozinha, encontrar o seu sentido”, constatou.

Perante um quadro onde o doente não oncológico não tem acesso a uma medicalização que “apague a dor” torna-se compreensível a pseudo-bondade da “eutanásia”.

Filipe Almeida sustentou que em causa não está “o matar a vida”, mas sim “o matar uma vida que deixou de ser suportável” em virtude de “uma dor que a sociedade, que tem meios para a parar, não quer por fim” passando o doente a ser tratado como “algo e já não como alguém”.

No final da sua intervenção o membro da Academia Pontifícia para a Vida lembrou que os médicos e demais agentes de saúde deveriam “agir facilitando o bem do meu paciente na descoberta de uma alteridade que dele me aproxima, dele me tornando solidário e não o deixando solitário”.



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