«O professor tem de ser mestre do coração», Mariana Rodrigues

Recém-chegada ao ensino docente lembra “as muitas facetas da função docente”

Chama-se Mariana Rodrigues, tem 22 anos, e nesta quinta-feira teve “uma experiência inesquecível”. A primeira aula da vida desta estudante do primeiro ano do Mestrado em Ciências Religiosas, na Universidade Católica Portuguesa.

“Estava muito nervosa. Já tinha estado à frente de grupos, mas nunca nesta função. ‘Ser professora’ aumenta a responsabilidade e é totalmente outra coisa”, confidenciou esta tarde ao EDUCRIS.

O tema abordado, a lenda de São Martinho, serviu de mote para que os alunos do 5º ano pudessem reconhecer valores que também desejam para si.

“Foi muito intenso. Ao início nem sei bem o que disse, mas internamente dei comigo a rezar. Depois a aula aconteceu fluindo tão naturalmente que nem dei pelo fim”, relata.

Confessa que veio para o ensino “depois de um ano zero em que nem sabia muito bem o que queria”.

“Pela minha experiência com estudante sabia que queria algo na área social. Tinha feito voluntariado na minha escola secundária e isso marcou-me muito”, aponta.

Mas ao “olhar para os diferentes cursos” nada “me chamava verdadeiramente”, até que num dia, “na faculdade de Teologia fui desafiada pelo professor Juan Ambrosio e pensei porque não?”, recorda.

Numa altura em que a classe docente atravessa dificuldades e parece já não cativar os mais novos Mariana Rodrigues considera que isso se deve à “excessiva burocracia e a diminuto salário”.

“O problema, e vejo-o em casa com a minha mãe professora, está num sistema muito burocrático que não considera o professor e lhe paga mal. Ou amamos o que fazemos ou perdemos o interesse”, lamenta.

Mais do que uma profissão uma vocação

Consciente de “estar a dar os primeiros passos” numa profissão desgastante e muito recompensadora, e questionada sobre ‘o que faz afinal um bom professor’, a estudante não tem dúvidas.

“Pode soar a cliché, mas é mesmo verdade. Ser professor mais do que uma profissão é uma vocação. O professor não é apenas aquele que ensina, mas é o que ouve, ajuda a resolver problemas, orienta. Tem inúmeras facetas num só dia”.

Convicta da validade e da especificidade do trabalho da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) na escola Mariana Rodrigues lembra um antigo docente que a marcou para afirmar.

“O professor de EMRC tem de ser mestre do coração. Tem de amar os seus alunos, sobretudo os que dão mais trabalho [risos]. Para nós não existem horários nem o fazemos por dinheiro.  Existe um caminho e uma missão, um vestir, todos os dias, a camisola da disciplina e não desistir porque sabemos bem que não estamos sós”.

“Ainda ontem perguntei a uns alunos de 8º ano o que esperavam do professor de EMRC e eles responderam de imediato: Que sejam eles próprios e não uma figura fabricada porque é desse exemplo que precisamos”, elucidativo, não?

Educris|13.11.2020



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