«Diretório apresenta desafios para a conversão pastoral», Cónego Luís Miguel Figueiredo Rodrigues

Catequeta analisa pertinência e desafios do novo documento da Igreja para a Catequese na formação dos presbíteros e na reflexão teológica

O cónego Luís Miguel Figueiredo Rodrigues considera que o Diretório para a Catequese, entregue ontem na sua edição portuguesa aos bispos portugueses, “apresenta desafios para a conversão pastoral da Igreja”.

“Não se trata de um slogan ou de um conceito abstrato. Este Diretório responde, de facto, a uma grande sede de organização pastoral para os desafios que hoje temos e que esteve na origem do próprio Concílio Vaticano II”.

O responsável pela Comissão Arquidiocesana para a Educação Cristã de Braga é da opinião que o novo documento se funda na constatação de que hoje a “Igreja não está a cumprir a sua missão pois a Palavra de Deus não gera vida”.

“A Palavra de Deus gera vida. Se isto não acontece então a Igreja não está a cumprir a sua missão”, lamentou.

Uma Teologia que parte da experiência crente

Diretor-Adjunto da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, o cónego Luís Miguel Figueiredo Rodrigues defende que os estudos teológicos devem, antes mais, partir “das inquietações do povo de Deus”.

“Se a teologia é estudo científico do ato de crer, e se o ato de crer implica uma ação em si então não é possível pensar a teologia sem pensar na experiência crente na história. Hoje temos de dar aos estudos teológicos uma compreensão prática que passa, não tantos pelo trilhar de caminhos clássicos, mas pela atenção às grandes inquietações do povo de Deus”, considera.

Um presbítero que acompanha e vive no meio do povo

Esta mesma atenção “ao sentido dos fins no discernimento diário” deve estar presente na “formação dos novos presbíteros alterando”, por completo, o entendimento do mesmo que permanece, em muitos aspetos, tridentino.

“Este desafio é também o da formação dos presbíteros. Ainda temos uma perspetiva do padre que alimenta o seu povo, como proposto em Trento. Hoje sabemos que o presbítero deve ser aquele que está no meio do povo e o acompanha sempre atento aos sinais dos tempos”, sustenta.

Já em junho passado, logo após a apresentação do Diretório para a Catequese ,em Roma, o responsável havia sustentado a necessidade de não poder haver mais “uma resposta acabada para todos” ao estilo da visão “escolarizada da catequese” mas permitir uma “experiência enquadrada por uma comunidade”.

“As pessoas estão colocadas numa comunidade e dentro dessa comunidade valoriza-se as comunidades naturais – a comunidade familiar, a comunidade dos pares. A pessoa não está enquadrada de acordo com a sua idade ou situação física, está enquadrada por uma comunidade e ‘todos os batizados são responsáveis pela catequese’”, desafiou.

Educris|15.11.2020



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